Por Leopoldo
Bettiol.
Confrades,
Tive,
pouco faz, a oportunidade de ter ante os olhos, uma coleção de figuras de Exu.
Foi uma decepção, um calafrio, um escárnio para a minha sensibilidade.
Lamentei.
O divino é por isso mesmo sacro.
Não deve, não pode ser reles,
grosseiro, ridículo. O artista, se tal nome merece, que em má hora de
inspiração infeliz, elaborou, aquele grupo de estatuetas vermelhas é um
imbecil; sem gosto e sem cultura artística ou um velhaco “mercantilista”,
abusando da crendice, da boa fé, da simplicidade dos seus irmãos de crença. AQUI CESSA, TODA TOLERÂNCIA E BOA VONTADE. Se o
seu criador fosse “um artista”, saberia que a ARTE, no Ocidente, esteve 1500
anos ao serviço da Igreja. O mais belo da imaginação criadora do
espírito humano, está na arquitetura das catedrais, nos talhe, nos relevos, nas
imagens, nas estátuas e ornamentos. A Igreja medieval foi refugio do artista. Não havia , uma arte social, havia uma arte
religiosa: divórcio, entre o sacerdócio e o povo.
Foi, em pós da REVOLUÇÃO, de par com a
inspiração maometana, que surgiram escolas, cenáculos, salões e museus… Foi
assim, na Índia, na China, no Egito, na Grécia. Não seria, suficiente,
consultar um tratado de Arqueologia, uma História da Arte? Não estará por ali,
o melhor do pensamento, procurando uma expressão de beleza?
Beleza tão construtora, como um livro
sacro? Uma ascensão espiritual comovedora? Não é com verdadeiro pesar que nós
“nos confrangemos” quando a arte se degrada?
Foi a minha impressão. Aquilo,
aquele grupo de demônios vermelhos, “guampudos”, com pés caprinos, de barba em
ponta, de sobrancelhas hirtas, de olhos saltados e dentes agressivos, NÃO É
EXU! … Aquilo é uma concepção primária, falsa, mórbida, velhaca, indecente,
ridícula. Aquilo depõe, contra seu
criador. Não é o Lúcifer das Escrituras. Não é o Plutão dos gregos. Não é o
Tifon do Egípcio. Não é o Ahriman do babilônio. Não é o Ravana do hindu. Não é
o Curupira do bugre… Por Deus!… Não é nada disto. Aquilo é uma estupidez! Um
“Satanás de Opereta”, nada mais!…
O negro, não tinha uma
concepção de Demônio; o bugre, ainda menos. Porque trazer para a Umbanda aquele
espantalho bestificador?
Dizem que Exu tem sido visto
assim. Admito, aceito. Visto por quem?
Por clarividentes ignorantes,
mal educados, impressionistas obcecados; vitimas de sua própria criação mental,
doentes, atemorizados por sugestões mórbidas, presas de leituras mal digeridas,
atordoados por disciplinas rituais sem nexo, por uma magia espúria, explorada
por caciques ignorantes… O fato, raia pelo crime. Não deve continuar assim.
Falsa
doutrina, falso arremedo, de falsas iniciações! Caso de expurgo. Literatura
deletéria, livros para queimar!
Gente,
precisada de trato com o neuro psiquiatra, num hospital! Não é a vidência, o que eu nego. Não condeno o médium, ignorante e
passivo. Digo que ele é uma vitima, dotada de uma faculdade que precisa
educação. Que há tratados, para desenvolver e controlar o fenômeno da vidência,
sob a direção de um responsável!
Mediunidade,
mentalismo, hipnose, sonambulismo lúcido, que constatam o fenômeno; ramos do
psiquismo, que tem leis para o estudo sério da questão.
O Exu do negro, o Bará é um
Deva da linha angélica, de tipo inferior; um agente, um servidor, um
desbravador, que nada tem que ver com esse monstro vermelho.
Será bom ou mau, conforme o
fim mágico para o qual for dirigido, pelo seu “propiciador”, sem necessidade de
assumir em “sua função serviçal”, uma figura grotesca. Seria supor, que nossos garçons, criados lacaios e
serventes, devem assumir figuras e gestos de macacos, quando nos estão
servindo… Já, tão bem, o diz, o aforismo hermético: – como é embaixo, é em cima. Um lacaio de casa
rica tem camisa engomada e casaca de botões dourados; um garçom enverga blusão
de linho branco; o cozinheiro, um avental, um avental; a capeira (encarregada
de um guarda-roupa), uma touca rendada..
Que
impressão teríamos, se nos servissem contorcidos, deformes, agressivos, chiando
e cuspindo?
Não
daríamos logo, “pelo falso da atitude”, pela estupidez?
Isto,
que não admitiríamos, para a vida normal e comum de todos os dias, nós
admitimos para o mundo espiritual…
Por
quê?
Há
uma lógica em tudo isto?
Não!
Não há. Há morbidez, fanatismo, infantilidade, temor e falsa observação.
Já
viu lendo obras de arte, qual é a indumentária do servidor grego, egípcio,
babilônico? O antigo servo romano? O gladiador do circo, o soldado? Veste uma
tanga, um calção, um saiote curto nada mais!… Em missão mais conspícua, um
peitoral, saiote até aos joelhos, sandálias; pernas e braços nus, cabelos bem
penteados, um colar, braceletes. Postura ereta, digna, respeitosa, continente.
Por que, não representaremos assim, “deste modo natural”, o nosso EXU?
Por
mim, repilo o artista, o escritor fantasista, que fuja da historia, no desenfreio
da sua imaginação tresloucada e falsa.
Teriam
mentido os hermetistas? Será um ludibrio toda a figuração dos mitos, tão rica
em belezas?
Saberão, esses artistas e
escritores que pela força do pensamento, pelo poder mental, “estão criando”
formas astrais que permanecem vivas “imantadas”, receptivas, nos planos
subjetivos e que posteriormente “invocadas”, agem sobre vivos, como seres
maléficos, de efeitos terríveis de perversão?
Não estarão esses artistas
de fancaria, SUJANDO A AURA MENTAL DO MUNDO, com as suas criações?
E
é essa gente nefasta e ignorante que nos falam de ocultismo e de iniciação?
Não
haverá uma noção de responsabilidade, quando influímos na alma dos outros?
A Umbanda será tão infeliz,
que não empunhe um chicote para enxotar esses vendilhões?
Tenho concebido uma Umbanda
limpa;, sem essas deformidades teratológicas. Como religião, a Umbanda, não se
divorcia da Arte… Há, todo um mundo de belezas a propagar… Vamos encher nossos
“Congas” de imagens, de Santos, de figuras, de estatuetas; está bem. Mas,
façamo-lo com o senso do belo, que só por si, também é UMA RELIGIÃO.
SARAVÁ!!!
******************************
Alex de Oxóssi
Amados
Irmãos,
O
texto acima foi retirado de um antigo livro foi necessário quase uma tradução,
justamente porque passamos por reformas, acordos ortográficos e se há algum
erro este deve a este irmão que vos escreve, mas dentro das minhas
possibilidades eu trago a vocês este especial texto que são as páginas
79,80,81,82 e 83 do livro ABC DE UMBANDA – LEOPOLDO BETTIOL – Coleção Santo
Agostinho – Edição Livraria E Flora Olimpia Ltda – Porto Alegre – Rio Grande Do
Sul – Ano 1956 , percebam o ano e percebam o tema
que ainda é atual, mesmo após cinquenta e quatro anos, ainda não conseguimos
livrar-nos destes VERMELINHOS CHIFRUDINHOS e munidos de “sapatos” de CASCOS
CAPRINOS, percebam o texto do irmão Leopoldo Bettiol, leiam e releiam, é
chegada a hora de nos livrarmos dos CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS , é chegada a
hora de trazermos aos nossos Terreiros o que é belo, Exu não é o que vendem por
aí, também não podemos afirmá-los como anjinhos, mas torná-lo bestial é falta
de coerência e de respeito a aos nosso Guardiões, perceba acima que imagem
linda de João Caveira (imagem que já usei aqui no Blog), de cabelo penteado e
trajando uma roupa impecável. O que muda representar Exu assim?
Interessante,
que quando vamos visitar outras Casas ou ainda que queremos conhecer
determinada Casa e que tenhamos vontade de algum dia fazer parte da mesma, lá
vai o Pai/Mãe no Santo apresentar tudo do Terreiro, quando vamos então em dias
que não há giras é mais fácil ainda de ter mostrado todo Terreiro, vimos tudo
lindo e belo, em harmonia com o que rege nossa religião, mas quando chegamos na
famosa Casa de Exu (nem todos Pais e Mães no Santo, mostram o local reservado a
Exu, mas para entrar em uma
Casa e ser filho da mesma acredito que todos deveriam visitar sim este espaço), ou espaço
reservado a Exu, ficamos chorosos ou ainda passível de muita tristeza, lá
podemos perceber as estatuetas dos CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS , isso acaba com a
minha visita, a impressão muda totalmente do Terreiro, lógico que isso está
mudando, aos poucos, a passos de tartaruga, mas já existe muitos Terreiros que
começaram com os CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS e hoje retiraram do reino do
Terreiro estas estatuetas do imaginário doentio do “pseudo-artista”.
Pais
e Mães no Santo de imediato eu rogo vossas bênçãos rogo ainda desculpas, mas
deixe seu reino (Terreiro) da forma que deve estar, sem os CHIFRUDINHOS
VERMELHINHOS , a nossa Umbanda é linda e maravilhosa, nenhum Exu vai achar ruim
com a sua investida contras esses CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS , pare e pense, já
que não aceita outras imagens no lugar dos CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS que deixem
apenas os Pontos Riscados como já vi em alguns Terreiros
ou ainda que se risque apenas o Ponto dos Exus que são de sua Coroa, ou ainda
como vi em outros
Terreiros coloquem lá as quartinhas (alguns Terreiros usam
quartinhas para simbolizar o assentamento de Exu, não são todos).
Pai e Mãe no Santo de nossa
Umbanda vamos abolir os CHIFRUDINHOS VERMELHINHOS ?
Que
Oxalá proteja todos vocês e que possam mudar com sabedoria a forma de
representar nossos amados Exus!!!
Alex
de Oxossi
P.S. – Queridos irmãos de blogs, sites, comunidades e grupos o texto que trago do irmão Leopoldo Bettiol, não existe em nenhum site ou blog da internet, pelo menos eu não achei no Google e Orkut, esteja a vontade para levá-los a vossos espaços, mas não se esqueça de mencionar de onde você o tirou (Blog Povo de Aruanda) e principalmente o nome do Autor, principalmente este texto que tive que fazer algumas pequenas adaptações.
- ABC DE UMBANDA – LEOPOLDO BETTIOL
Coleção Santo Agostinho – Edição Livraria E Flora Olimpia Ltda – Porto Alegre Rio Grande Do Sul – Ano 1956
Texto do Blog Povo de Aruanda - Postado por Alex de Oxóssi
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