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“na cosmogonia das religiões
africanistas, especialmente a ioruba, o ato de “arriar” uma oferenda estabelece
e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o
profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá.
Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano
concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo
sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de
transferência energética é considerada essencial e parte da vida.” Ramatís no livro A Missão da Umbanda,
editora do Conhecimento, na página 94
Na prática litúrgica da Umbanda,
a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e Divindade.
Toda religião tem sua prática ofertatória,
quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota de R$ 10,00 no envelope. Não
importa, este é um ato de oferta, um ato de fé e cada religião têm a sua
leitura própria de como deve ser esta prática.
Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos, etc.
Nas religiões naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas religiões tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da natureza, ou seja, flores, frutos, grãos, etc.
A Umbanda é uma religião natural,
ela entende a natureza física como pontos de força, santuário natural, sítio
sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos variadas formas de oferendas,
tem oferenda para tudo, para energização, para descarrego, para abertura de
caminhos, para prosperidade, para amor e por aí vai. O fato é que oferenda está
presente no dia à dia do Umbandista.
Já que é tão comum o ato
ofertatório e principalmente depositado na natureza ou nos pontos de força,
como: cachoeira, mata, bosque, mar, encruzilhada… Fica a pergunta: o Umbandista
foi sendo preparado para ter consciência ambiental?
Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc.
Mas é realmente preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando entram na natureza para uma prática sagrada e acabam profanando o espaço sagrado. É isso mesmo, profanando!
Nunca se falou tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto. Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro, etc.
Mas é realmente preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando entram na natureza para uma prática sagrada e acabam profanando o espaço sagrado. É isso mesmo, profanando!
Você já observou a quantidade de
lixo que fica no pé da árvore? Na beira do rio?Assustado? Como é que falo
lixo??? Sim é lixo mesmo!!!
Este artigo vai ser assim mesmo, um tanto
indigesto, é para provocar náuseas e quem sabe ao final, no seu vômito, você
comece a evitar que os Orixás continuem tendo que tolerar nosso lixo.
Vamos à parte prática. Reflita
comigo, ok?
O conceito
de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu guia, Orixá e forças
da natureza. Energeticamente o prana das oferendas é usado em beneficio de quem
oferenda ou pra quem se destina, ou seja, quando uma oferenda é feita para
terceiro. Magísticamente é a movimentação de energias e elementais em beneficio
próprio ou de outrem. Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda.
A Umbanda é o culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é
natural.
Partindo deste pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá. Pense, os pontos de força naturais são as casas dos Orixás, como a mata está para Oxossi, o mar está para Iemanjá, as cachoeiras estão para Oxum, as pedreiras para Xangô, etc.
Oferendar também é uma forma de presentear. Você gosta de receber presentes e eu também, porém no final a embalagem jogo no lixo e fico com o que é usual no presente.
Sejamos práticos e objetivos. O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda. Os descartáveis não são oferendas. O que é oferenda?
- As flores, frutos e comidas.
Se a Umbanda vê a natureza como
sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa de uma consciência
ecológica para o exercício da cidadania, mas com o Umbandista a coisa vai mais
longe, ecologia é preceito religioso, e isso significa muita coisa.
O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser confundido com tolerância aos abusos. Porem, antes de julgar precisamos orientar.
Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja, aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais, tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A justificativa não tirar carrego da mata!
O respeito com a diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser confundido com tolerância aos abusos. Porem, antes de julgar precisamos orientar.
Sei que existem muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos sagrados. Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja, aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de condutores materiais, tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e bandejas de isopor também. A justificativa não tirar carrego da mata!
Oras, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico, ou é profano e prejudicial, temos que definir isso na mente.
Pelo lado energético eu pergunto:
o que vai me atrair negatividades?
São as sacolinhas que por sinal
são isolantes ou minha vibração mental e emocional?
Se for a opção dois, então, qualquer ambiente me fará mal certo?
Então vamos descartar esta obrigatoriedade
de poluir o espaço sagrado. Até porque esta pratica é mais atual do que parece.
Os antigos zeladores do culto de nação e vertentes afros, anterior á
Umbanda ensinavam que as oferendas deviam ser depositadas sobre folhas de
bananeira, chapéu-de-couro (erva) ou folhagens do Orixá ofertado. Isso é
sabedoria natural, não existiam ainda campanhas ambientais. Mais que isso,
eles ensinavam que para natureza só vai o que ela ofertava. Os elementos
orgânicos se decompõem no solo e viram adubo, muitas vezes as sementes brotam e
uma nova vida nasce naquele ambiente.
Contudo, hoje não vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de árvores, panos nobres servindo de toalha para o “banquete divino” e muitos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade.
Contudo, hoje não vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de árvores, panos nobres servindo de toalha para o “banquete divino” e muitos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade.
Além de cuidar do meio ambiente,
precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois, para aqueles que não são
adeptos, quando chegam em ambientes com estes “ restos”, criam uma imagem
bastante distorcida do real significado das oferendas.
Questão
de Postura
Há algum tempo foi notícia em Porto
Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de Umbanda nisso, mas não
foi isso que a mídia local divulgou. Também em Curitiba – PR foi
proibido a entrada de Umbandista para pratica de oferendas numa reserva
florestal, devido ao excesso de lixo não orgânico deixado na natureza e nem
preciso citar as milhares de encruzilhadas diariamente forradas por elementos
nada agradáveis.
Muitas vezes estes excessos não provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta à natureza.
Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê / Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No entanto tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido a depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos despejados ali .(*Matança de animais NÃO É UMBANDA)
Muitas vezes estes excessos não provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista, aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta à natureza.
Em São Paulo capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê / Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No entanto tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido a depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos despejados ali .(*Matança de animais NÃO É UMBANDA)
Precisamos erradicar o contra–senso da má prática
ofertatória. Para só depois conseguir mudar a imagem social.
Fazendo a Diferença
Foi preocupado com a violência urbana, privacidade e meio ambiente que o Sr.
Pai Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30 anos o
Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma imensa
pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores tópicas, cachoeiras,
rio e uma imensa área verde. O Umbandista tem toda liberdade e privacidade para
realização de seus cultos e oferendas, inclusive em praças específicas para
cada Orixá ou linha de trabalho. Hoje, 263 terreiros estão construídos
nesta área e há 40 lotes disponíveis para aluguel diário aos interessados em
fazer trabalhos na natureza. É aberto ao público em geral sem restrições.
Lá sim,
você pode fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois
o Santuário conta com uma equipe de
funcionários responsáveis pela limpeza, a coleta é seletiva, o que é reciclado
tem seu destino certo, o que é orgânico vira alimento para o minhocário que
produz o adubo utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz parte do
reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantém.
Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de8 a 10 toneladas de puro lixo.
Não está incluso nesta conta os recicláveis, orgânicos e alguidares. Em épocas
de festa chega coletar quase o dobro disso. Todo esse lixo vem das 2 a 3 mil pessoas que
freqüentam semanalmente o Santuário.
O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela Mãe de Santo, Dona Luiza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade.
Pai Ronaldo informa que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de
O mais interessante é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são limpos, desinfetados e defumados pela Mãe de Santo, Dona Luiza, que separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade.
Já os recicláveis são
selecionados pelos funcionários que dividem o lucro da venda destes produtos,
que não é pouco, sai um caminhão por mês cheio de garrafas e até duas toneladas
de plástico, papel e latas, se juntássemos tudo isso, o peso seria em média de
25 toneladas ao mês de “lixo”, evitado de ser despejado e destruir a natureza.
Próximo a cachoeira uma placa alerta os visitantes: “ O lixo traz o rato, o rato traz a cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo mínimo de 24 h após ser arriada. “O Umbandista não precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. Só precisa de um pouco de natureza, como Deus foi capaz de criar” frisa Pai Ronaldo.
Próximo a cachoeira uma placa alerta os visitantes: “ O lixo traz o rato, o rato traz a cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita sempre com o prazo mínimo de 24 h após ser arriada. “O Umbandista não precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. Só precisa de um pouco de natureza, como Deus foi capaz de criar” frisa Pai Ronaldo.
Em Juquitiba, também interior de São Paulo, a
União de Tenda de Umbanda e Candomblé do Brasil, presidida pelo Sr. Pai Jamil
Rachid, construiu o Vale dos Orixás com o mesmo fim, porém, restrito aos
filiados da federação.
Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.
Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai Rubens Amaro, há oito anos fundou o Vale dos Orixás.
Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.
Em Bauru – SP, a Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai Rubens Amaro, há oito anos fundou o Vale dos Orixás.
Infelizmente pelo tamanho do
nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para “privatizar” santuários
naturais e trazer conforto, segurança e ecologia para nossa comunidade.
Mas se você reside distante destes espaços se adapte e faça a diferença.
Mas se você reside distante destes espaços se adapte e faça a diferença.
Dicas de
Bom Senso
De forma geral os Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar atitudes simples que resultam em grande impacto:
- Quando chegar no ponto de força
da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda, priorize forrar o chão com
as folhagens do ambiente.
- Coloque os elementos e comidas
sobre as folhas.
- Dispense pratos ou coisas do
tipo.
- Os líquidos coloquem em copos
descartáveis.
- Acenda as velas e prepare tudo.
Não há resultado em oferendas feitas às
pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e com dedicação deve ser
ministrado.
Então, faça as preces, cantos e
pedidos com tranqüilidade. Normalmente na natureza em 30 a 40 minutos as velas já queimaram
ótimo. Recolha as borras e coloque no lixo.
- Antes de sair, jogue o líquido
dos copos ao redor da oferenda, os descartáveis vão pro lixo. Faça o mesmo com
garrafas e demais elementos.
Certifique-se que ficará na natureza apenas
material não poluente.
Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda alegrar o Orixá.
Seguindo esse preceito deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda alegrar o Orixá.
- Não apóie velas no tronco das
árvores, você pode matá-las. E lembre–se:
Conceitos de Oferendas e a Natureza
No livro Rituais Umbandistas de Rubens
Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita na página 21 que “ o ato de fazer
uma oferenda ritual a um guia espiritual em um ponto de força abre – lhe a
possibilidade de recorrer à própria hierarquia e às forças da natureza, tanto
para auxiliarem seu médium como para socorrerem as pessoas que atender. “ Ele
ainda complemente que “ a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de
religação do médium com o Orixá...”
O espírito Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página 94 elucida que “ na cosmogonia das religiões africanistas, especialmente a iorubá, o ato de “ arriar “ uma oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é considerada essencial e parte da vida.”
Observamos dois autores que ao tratar das oferendas convergem no mesmo
ponto. A grandiosidade e sacralidade da oferenda e dos pontos naturais.
TEMPO DE INDIGESTÃO DA SUA OFERENDA
Material – Tempo de Degradação
Alguidar – Indeterminado
Louças ( Ibás ) – Indeterminado
Lata de Alumínio –200 a
500 anos
Vidro – Indeterminado
Isopor – Indeterminado
Metal – 100 anos
Garrafa Pet – 400 anos
Copo de Plástico – 50 anos
Bituca de Cigarro – 5 anos
Papel –3 a
6 meses
Pano – 6 meses a 1 ano
Sacolas Plásticas – 100 anos
Tampinha de Garrafa – 150 anos
Palito de Fósforo – 6 meses
Artigo de:
Rodrigo Queiroz – Revista Umbanda Sagrada
Material – Tempo de Degradação
Alguidar – Indeterminado
Louças ( Ibás ) – Indeterminado
Lata de Alumínio –
Vidro – Indeterminado
Isopor – Indeterminado
Metal – 100 anos
Garrafa Pet – 400 anos
Copo de Plástico – 50 anos
Bituca de Cigarro – 5 anos
Papel –
Pano – 6 meses a 1 ano
Sacolas Plásticas – 100 anos
Tampinha de Garrafa – 150 anos
Palito de Fósforo – 6 meses
Artigo de:
Rodrigo Queiroz – Revista Umbanda Sagrada
* Grifo meu Anna Aguyrre
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