“Reconhece‐ se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral (...)
“O Evangelho segundo o
Espiritismo” Capítulo XVII – item 4
“....O autoconhecimento, através
das luzes da imortalidade que se espraia dos fundamentos espíritas, é um mapa
de como chegar ao “eu verdadeiro”, à consciência. Todavia esta viagem não pode
ser feita somente com o mapa, necessita de suprimentos morais preventivos e
fortalecedores, necessita de uma ética de paz consigo próprio. Somente se
conhecer não basta, é necessário um intenso labor de auto-aceitação para não
cairmos nas garras de perigosas ameaças nessa “viagem de retorno a Deus”, cujas
mais conhecidas são a culpa, a autopunição e a baixa auto-estima as quais estabelecem
o clima de martírio. É preciso uma ética que assegure à transformação pessoal
um resultado libertador de saúde e harmonia interior. Tomar posse da verdade
sobre si mesmo é um ato muito doloroso para a maioria das criaturas.
À guisa de sugestões maleáveis, consideremos
alguns comportamentos que serão efetivos roteiros de combate, vigília e
treinamento para instauração de das linhas éticas no processo transformador:
Postura de aprendiz:
jamais perder o viçoso interesse em buscar o novo, o desconhecido.
Sempre há algo para aprender e conceitos a reciclar. A postura de aprendiz se
traduz no ato da curiosidade incessante, que brota da alma como sendo a sede de
entender o universo e nossa parte na “dança dos ritmos cósmicos”. Romper com os
preconceitos e fugir do estado doentio da auto‐suficiência.
Observação de Si mesmo:
é o estudo atento de nosso mundo subjetivo, o conhecimento das nossas
emoções, o não julgamento e a auto‐avaliação constante. Tendemos a avaliar o
próximo e esquecer do serviço que nos compete, no entanto, relembremos que
perante a imortalidade só responderemos por nós, no que tange ao serviço de
edificação dos princípios do bem na intimidade.
Renúncia:
A mudança íntima exige seletividade social dos ambientes e costumes,
em razão dos estímulos que produzem reflexos no mundo mental. No entanto, a
renúncia deve ampliar‐se também ao terreno das opiniões pessoais e valores
institucionais, para os quais, freqüentemente, o orgulho nos ilude.
Aceitação da Sombra:
sem aceitação da nossa realidade presente, poderemos instaurar um
regime de cobranças injustas e intermináveis conosco e posteriormente com os
outros. A mudança para melhor não implica em destruir o que fomos, mas dar nova
direção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros.
Auto-Perdão:
a aceitação para ser plena precisa do perdão. Recomeço é palavra de
ordem nos serviços de transformação pessoal. Sem ela o
sofrimento e a flagelação poderão estipular provas dolorosas para a alma. É uma
postura de perdão às faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais.
Cumplicidade com a decisão de crescer:
o objetivo da renovação espiritual é gradativo e exige devoção. Não é
serviço para fins de semana durante a nossa presença nas tarefas do bem, mas
sérvio continuado a cada instante da nossa vida, onde estivermos. Somente
assumindo com muita seriedade esse desafio que o levaremos avante.
Imprescindível a atitude de comprometimento com a meta de crescimento que
assumimos. Somos egressos de experiências frustradas no desafio do
aperfeiçoamento pessoal, portanto, muito facilmente somos atraídos para ilusões
variadas. Somente com severidade e muita disciplina construiremos o homem novo
almejado.
Vigilância:
é a atitude e cuidar da vida mental. Cultivar o hábito da higiene dos
pensamentos, da meditação no conhecimento de si, da absorção de
nutrição mental digna nas boas leituras, conversas, diversões e ações sociais. Vigilância
é a postura da mente, alerta, ativa, sempre voltada a ideais enriquecedores. (
O segredo – lei de atração)
Oração:
é a terapia da mente. Sem oração dificilmente recolheremos os germens
divinos do bem que constituem as correntes de Energia Superior
de vida. Através dela, igualmente, despertamos na intimidade forças nobres que
se encontram adormecidas ou sufocadas pelos nossos descuidos de cada dia.
Trabalho:
Os sábios guias da codificação asseveram que toda a ocupação é útil, é
trabalho. Dar utilidade a cada momento dos nossos dias é
sublime investimento de segurança e defesa aos projetos de crescimento interior.
Tolerância:
toda evolução é concretizada na tolerância. Deus é tolerância. Há
tempo para tudo e tudo tem seu momento. Os objetivos da melhoria
requerem essa complacência conosco para que haja mais resultados satisfatórios. Complacência
não significa conivência ou conformismo, mas caridade com nosso esforços.
Amor incondicional:
aprender o auto‐amor é o maior desafio de quem assume o compromisso da
reforma íntima, porque a tendência humana é desgostar de sua história de
evolução, quando toma consciência do ponto em que se encontra ante os Estatutos
Universais da Lei divina. Sem auto‐amor a reforma íntima reduz‐se a “tortura
íntima”. Aprender a gostar de si mesmo, independente do que fizemos no passado
e do que queremos ser no futuro, é estimar a si próprio, um estado interior de
júbilo com nosso retorno lento, porém gradativo, para uma identificação plena
com o pai.
Socialização: se o interesse pessoal é o grande adversário
de nosso progresso, então a ação em grupos de educação espiritual será
excelente medicação contra o personalismo e a vaidade. Destaquemos assim o
valor das tarefas doutrinárias regadas de afetividade e siso moral. São treinamentos
na aquisição de novos impulsos.
Caridade:
se socializar pode imprimir novos impulsos e reflexões no terreno da
vida mental, a caridade é o “dínamo de sentimentos nobres” que
secundarão o processo socializador, levando‐o ao nível de abençoada escola do
afeto e revitalização dos ensinamentos espíritas.
Conviveremos bem com os outros na proporção em
que estivermos bem conosco mesmo. A adoção de uma ética de paz, no transcorrer
da metamorfose de nós próprios, será medida salutar no alcance das metas que
almejamos, ao tempo em que constituirá garantia de bem‐estar e motivação para
continuidade do processo.
O exercício de negar a si mesmo não inclui o
descuido ou descrédito pessoal, confundindo a sombra que precisamos reciclar
com as necessidades pessoais que não devemos desprezar, para o bem estar e
equilíbrio. Cuidemos apenas de atrelar essas necessidades de conformidade com
os novos rumos que escolhemos. Fazemos essa menção porque muitos
corações queridos do ideal supõem que reformar é negar ou mesmo castigar a se, quando o
objetivo do projeto de mudança espiritual é tornar o homem mais feliz e integrado à sua
divina tarefa perante a vida.
Nos celeiros de luz dos repositórios do
Evangelho, verificamos um exemplo de rara beleza e oportunidade que servirá como diretriz segura
para a “despersonificação” dos servidores do Cristo, na obra do amor: Ananias,
o apóstolo chamado para curar os olhos do Doutor Tarso. Quando o Mestre o chama pelo nome, o colaborador humilde,
com prontidão e livre dos interesses pessoais, responde sadiamente “Eis ‐ me aqui Senhor!”.
O nome desta virtude no dicionário cristão é
disponibilidade para servir e aprender, o programa ético mais completo e eficaz para quantos desejam
a auto‐iluminação.
Do Livro " Reforma Íntima sem Martírio" de Ermance Dufaux
Psicografada pelo Médium
Wanderley S. de Oliveira – Editora Dufaux
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