A consciência, essa desconhecida, encontra-se em continua expansão, desde que o principio espiritual, já tendo passado pelos reinos mineral e vegetal, adquirido impulsos e instintos no reino animal, finalmente chega ao entrelaçamento reencarnatório com o hominal, dentro da organização anatomofisiológica que conheceis, mais comumente, como homem das cavernas. A partir desse momento, esse agente imortal em constante evolução começa a vivenciar a sua sobrevivência em grupos humanos, cada vez com maior capacidade de memorização e lembrança posterior, relacionando-se com o meio e seus semelhantes. O instinto de preservação o conduz a um sentimento de egoísmo, pois as lutas do dia-a-dia para aquisição de alimentos e manutenção de seu território provocam muitos embates fratricidas com seus próprios iguais.
Lentamente, entre uma encarnação e outra, vai o homem expandindo sua consciência. Quando na erraticidade, na ambientação fluídica que lhe é devida, prepara-se para nova volta ao plano carnal e, assim, prossegue ininterruptamente a roda da vida, entre idas e vindas.
Estabelece-se o carma, que é negativo ou positivo, e a relação de consangüinidade com a parentela física, que é uma imposição justa para trabalharem-se as emoções e os sentimentos. Assim, aprende a amar, cada vez mais se aproximando do que está preconizado no manual de conduta moral e crescimento consciencial, que é o Evangelho do Cristo. Vai, aos poucos, aprendendo a perdoar e a amar incondicionalmente. Até chegar nesse estágio, outros milhares de anos já se passaram desde o seu início, e o espírito imortal, enredado na colcha cármica, procura ainda, incessantemente, sublimar seus sentimentos e emoções. Ora são ódios, ora são aversões; de repente, se instala a inveja, o ciúme, o orgulho; vêm as aquisições de bens materiais, a difícil convivência com a riqueza. Desse modo, vai o espírito percorrendo vasto território de experimentações; na maioria das vezes, assumindo mais comprometimentos cármicos negativos que, necessariamente, angariando saldos positivos.
Chega o momento de a alma, extenuada por incessantes e cada vez maiores exigências dos carrascos em que se transformaram o corpo físico e o mundo material, começar a voltar-se ao seu "eu" mais oculto, interiorizando-se e buscando um sentido “maior para a vida” . É chegada a hora de alcançar a religiosidade, de religar-se ao Pai. Continua o espírito nessa busca ininterrupta, que, na verdade, nunca deixou de existir, estabelecendo-se no seu campo consciencial a vontade de reencontrar e voltar ao seio da Divindade. Partícula de um todo, percebe que não pode continuar sendo apenas mera organização fisiológica, por determinado período de tempo, que no final se extinguirá.
Inicia-se, então, a busca por uma explicação transcendente; é a partir daí que se instala no psiquismo desse ser em evolução a necessidade de maior compreensão do ato de viver. A consciência, já em mediano estágio de evolução, identifica-se com estados vibratórios cada vez mais elevados. Fruto dessa conquista da alma, de tantas voltas já dadas na roda da vida, implanta-se um novo ciclo, iniciando-se a percepção das coisas e dos fatos, além dos limitados sentidos corporais.
Quando desencarnado, esse espírito já consegue permanecer, por afinidade e direito adquiridos, em locais de melhor quilate vibratório. Estuda, trabalha, enfim, adquire um maior conhecimento das realidades do Astral, da vida extrafísica, voltando-se para Deus por profundo agradecimento à infinita sabedoria e misericórdia Dele, que é todo amor, justiça e bondade. Reflete, então: "Oh! Quão mesquinho fui até agora, por quantas mazelas passei, quantas lutas e desencontros, por orgulho, por vaidade, por ostentação, por ambições materiais, a fim de adquirir mais posses, e demonstrar aos meus irmãos que eu era melhor, que possuía mais recursos, mais poderes. Quanta ilusão! A verdadeira vida é a espiritual, não estando circunscrita a tempo e espaço e nem à forma que concebi quando na matéria."
Esse espírito, então, pede perdão e uma nova oportunidade de ressarcimento aos mentores, os "mestres cármicos", responsáveis pela programática reencarnatória. Está ávido, tem pressa, perdeu muito tempo, já podia estar em outro nível evolutivo, nos planos em que a felicidade e a fraternidade são uma realidade perene.
Quanta justiça, quanta benevolência há na Espiritualidade! Conceder-se-á a ele a dádiva da mediunidade-tarefa, hipersensibilizando-se o perispírito desse reencarnante, que já possuía conquistas anímicas suficientes para vivenciar a nova missão que se delineia. O mais novo obreiro da Seara do Cristo chora; agradece comovido e promete, com todas as suas forças, cumprir tudo a que se comprometeu, quando novamente estiver jungido a outro corpo físico. Escolhem-se os próximos genitores; está traçado todo o planejamento reencarnatório. A rede de relacionamentos no mundo da matéria está prevista, respeitando-se e deixando-se espaço para a movimentação do livre-arbítrio do reencarnante, pois não se trata de incursão expiatória.
São eleitos os espíritos que serão seus protetores, desde o momento conceptivo, após o conluio carnal dos genitores definidos, até o desligamento perispiritual do equipo físico, quando do retorno desse viajante à sua base. Os espíritos que o acompanharão nas futuras tarefas da caridade aceitam o encargo com muito amor e carinho. Alguns ainda têm comprometimentos de vidas passadas com o reencarnante; outros não, mas o assistirão em atividades mais específicas, no exercício de suas futuras faculdades mediúnicas.
E será vitorioso o nosso pupilo? Não o sabemos! O grau de dificuldades, de dores, de sofrimentos, é do tamanho exatamente necessário ao aprendizado, pois não existem injustiças nas leis divinas, de causas e efeitos, que regem a tudo e a todos no equilíbrio infinito do Cosmo. Nós, do Astral, fazemos de tudo que está ao nosso alcance para ajudá-lo: o inspiramos e intuímos, o desprendemos durante o sono para "conversarmos". Também oramos muito, pedindo ao Pai que o nosso assistido saia vitorioso. Para nós, do lado de cá, um interregno reencarnatório é muito pouco tempo. Mas, quando se está na carne, parece uma eternidade. Muitas vezes, para nosso desencanto, esse filho "esquece" todos os compromissos assumidos. Voltam-lhe predisposições não resolvidas que estão no seu psiquismo mais profundo, sedimentadas nas bases mais antigas do inconsciente, e acaba ele rendendo-se e adotando traços marcantes de condutas que já tinham sido vivenciadas em outras personalidades, em outras vidas terrenas. A individualidade é única; não poderia ser diferente, pois o agente espiritual é eterno e ele é o modelo gerador e organizador do corpo físico, e não o contrário.
Mas, há muitos casos em que esses irmãos amados são bem-sucedidos. Granjeiam muitos créditos, pois tiveram uma vida reta, de bons sentimentos, de solidariedade, de exercício caridoso da mediunidade e conseguiram exemplificar na carne, assim como o inigualável exemplo do Mestre Jesus, o amar a Deus acima de todas as coisas, aos seus semelhantes como a si mesmos, e perdoaram incondicionalmente todas as ofensas. No mais das vezes, para os valores vigentes do homem contemporâneo, foram insignificantes e incompreendidos. Mas, para nós, aqui no Astral, são motivo de júbilo e contentamento, e é com muito amor e num clima de festividade que os recepcionamos, no momento de seu retomo à verdadeira vida, que é a espiritual.
Muita paz, muita luz e tende sempre o Cristo como modelo!
Ramatís – Livro “Chama Crística” - Médium Norberto Peixoto
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