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Luz que vem lá de Aruanda...
Primeiro vieram os Atlantes.
Os Atlantes??? No Brasil?
Sim. Em muito remoto passado,
veio estabelecer-se nas costas brasileiras, onde é hoje o Estado do Espírito
Santo, uma colônia atlante (1). Prosperou, cresceu, e espraiou-se por 12
cidades. Esses atlantes de pele acobreada guardavam os conhecimentos
espirituais de sua raça. Em seus templos, ensinava-se as Grandes Leis,
cultivava-se a magia do som, da cor, da dança, das forças da natureza... Cultuava-se
a Luz Divina. E havia iniciados nos Grandes Mistérios. Eram regidos pela
dinastia dos Ay-Mhorés. Mais tarde, tiveram que emigrar para o interior, esse
povo decaiu e foi dispersado pela magia negativa. Sobraram ecos de suas crenças
na religiosidade dos povos indígenas que deles derivaram: a magia natural, o
conhecimento das forças curadoras e das ervas, o contato com o mundo
invisível.... E sua altivez natural, sua noção de liberdade e igualdade. Nossos
antepassados. Fazendo com que legítimo sangue atlante viesse a correr pelas
veias psíquicas do futuro povo brasileiro.
Depois, vieram os
portugueses e os negros.
Os primeiros traziam o
componente de um misticismo ingênuo e da simpatia, simplicidade e feitio
acolhedor que até hoje os caracteriza. A crença nos breves, nos escapulários,
nos benzimentos, na água benta...
E os negros... Ah, os negros! Além da humildade e doçura,
traziam o conhecimento da velha magia africana. Seus sacerdotes sabiam invocar
os espíritos, evocar os elementais, manipular vegetais e minerais para a cura e
efeitos mágicos. Inúmeros deles tinham sido velhos magos do Egito, da Caldéia,
da Índia, da Pérsia, e resgatavam no primitivismo do continente africano os
débitos para com a Lei Suprema. Inicialmente, usavam esses poderes para
curar e confortar seus irmãos, às vezes para vingar-se dos brancos cruéis. Aos
poucos, começaram a ser procurados pelos senhores, para lhes benzerem um filho,
curarem um familiar, lerem os búzios... e foram firmando seu papel de
intermediários das forças ocultas. Com o fim da escravidão, muitos
acabaram marginalizados na periferia das vilas e cidades, e então começaram a
exercitar suas aptidões magísticas para sobreviver... com maior ou menor
eficiência ou confiabilidade, servindo a guias de luz ou a senhores das trevas.
Eram os
"candomblés", as "macumbas", os "pais de
santo"... E rolava muita magia negativa no astral deste país.
Mas o Alto, vigilante, regia dos
bastidores a orquestração dos elementos que iriam compor o futuro Coração do
Mundo.
Em 1908, no Estado do Rio de
Janeiro, juntam-se fios espirituais predeterminados, e um espírito missionário,
que já reencarnara mais de uma vez no Brasil, com altas credenciais siderais,
vem, dando o nome de Caboclo das Sete Encruzilhadas, para, através de um jovem
sensitivo – Zélio de Moraes – dar início a um novo culto, a uma religião
brasileira! Deu-lhe um nome nunca ouvido antes nestas terras: Umbanda. E sentenciou: “Vim para fundar uma nova religião, baseada no evangelho de Jesus, e que
terá como seu maior mentor o Cristo”. Nela teriam vez e voz exatamente as duas
raças oprimidas, proscritas da “mesa branca” do Espiritismo, e no entanto
detentoras do mais precioso dos acervos: o conhecimento espiritual e os poderes
psíquicos e mágicos. E os caboclos e pretos-velhos foram as figuras
emblemáticas que compuseram a face da nova religião. Uma religião brasileira...
Com isso, visava o Alto, também, ao combate aos redutos
da magia negra do astral e a seus acólitos da terra - macumbeiros de aluguel e
redutos onde o sacrifício ritualístico de animais fornecia o “tônus vital” para
os feiticeiros do invisível.
A magia do som e da cor dos
Atlantes voltava, assim, junto com a sabedoria da cura, das ervas, das forças
naturais... E o saber dos velhos magos ancestrais, seu domínio das forças
naturais, o poder de desmancho dos malfeitos, temperado agora pela doçura
adquirida nos travos da escravidão.
A Umbanda tem 100 anos no
Brasil, como religião instituída, com data marcada (16 de novembro de 1908), e
milhares de milênios de herança ancestral da velha Aum-Bandhã – a Lei Divina
Manifestada, conhecida desde sempre nos círculos iniciáticos.
Nela se acolhem, como uma colcha amorável de retalhos protetores,
desde espíritos primitivos que estão se iniciando no serviço da Luz, ex-magos
negros, espíritos singelos de silvícolas e africanos desencarnados,
ex-sertanejos broncos e principiantes da espiritualidade, até mentalidades
luminosas e missionários, incluindo alguns que o espiritismo venera como guias
de grande luz, médicos do além, cientistas, “santos” católicos, ex-legionários
romanos, filósofos da velha Grécia, ex-sacerdotes de inúmeras religiões,
incluindo a católica.... passando por Mestres de Sabedoria, Yogues iluminados e
extraterrestres – estes constituindo os
famosos “pais de segredo”, que descem incógnitos aos terreiros, disfarçados de
“pais” e “mães”, “vovôs” e “vovós”....
Saberão os espíritas, a
maioria desconhecendo solenemente a história e o perfil da Umbanda, muitos
ainda menosprezando-a, que os mesmos guias e protetores de suas mesas
mediúnicas operam nos terreiros, pois do lado de lá não existem divisões! Saberão que o venerável Bezerra de Menezes cura por aí afora travestido
de Caboclo Mata Verde? Ou que o Caboclo Mata Virgem serve de uniforme de
trabalho para o padre Anchieta? Que seres de luz fulgurante como Babajiananda e
Mestre Ramatis operam na egrégora da Umbanda como Pai Tomé ou Pai Benedito e ainda Caboclo Atlante? Que
Joana de Ângelis, a conhecida ex-abadessa guia de Divaldo, é figura venerada na
Umbanda como uma “vovó” mandingueira e sábia, da linha do Congo? Pois é...
Aqui, nesta Terra da Cruz
de Estrelas, onde está se gestando, no dizer de Ramatís, a raça mais fraterna e
amorável do planeta, precursora do terceiro milênio, seria necessário unir
nossas heranças psíquicas e caldear uma tônica espiritual universalista,
fraterna e amorosa. Onde a Magia Branca, com toda sua complexa tessitura, fosse
colocada a serviço da mais singela caridade.
A religião nascida no
Brasil. Acolhedora, amorável e fraterna, múltipla e facetada, singela e mística
como seu povo.
Nota (1): A história deles
se conta em A Terra das Araras Vermelhas, de Roger Feraudy.
Ed. do Conhecimento..
Ed. do Conhecimento..
Fonte do texto:
PS: Joana de Angelis, na Umbanda
se apresenta como a nossa Amada e sábia Vovó Maria Conga e ainda se apresenta
também na roupagem infantil de uma menina na linha das crianças ou erês ou
ibejada.
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