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Xamanismo é o conjunto
mais antigo de praticas e técnicas para se entrar em contato com o mundo
espiritual e tem sua origem no período paleolítico. Sua principal
característica é a semelhança existente na essência das práticas de povos muito
distantes entre si, muitas vezes separados por continentes e oceanos como, por
exemplo, os Esquimós e nossos irmãos indígenas aqui do Brasil.
O Xamã é produto do
amadurecimento de um coração. Do amadurecimento do espírito. Somente um coração maduro entra no caminho
do xamã e, uma vez que se entra, se dá conta de que o mesmo caminho, cedo ou
tarde, fará com que seu coração desapareça na imensidão do coração desse
maravilhoso universo.
A palavra Shaman, originária na
tribo tungus da Sibéria, aplica-se tanto a homens quanto mulheres. Através de
jornadas, um xamã vai buscar auxílio e informação para ajudar um paciente,
família, amigos ou a comunidade.
Os nativos americanos reconhecem o círculo como o principal símbolo
para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso
em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos, que é um círculo. A
Terra, a Lua, o Sol, os planetas, são todos circulares.
Quando um xamã construiu uma Roda Medicinal, ele reconstruiu a
representação simbólica do Universo e da mente Universal.
Para o nativo, medicina significa poder,
energia vital que está em todas as formas da natureza. Eles têm um conceito de
um vórtex (espiral de energia) em movimento.
A Roda significa um círculo ou espiral de
geração de poder, debaixo do controle da mente, que é multidimensional.
Considera o plano físico, mental, emocional e espiritual. É o mapa da mente, a
carta da vida, que permite seu uso para obter maior autoconhecimento, mais
autocontrole, melhorar a vida, obter satisfação.
A Roda é composta por um grupo de
símbolos. Ela pode ser construída simplesmente colocando pequenas pedras em
forma circular.
A Roda não representa somente um universo de
nossa própria vida e o produto de nossa própria mente, mas o Cosmos e a mente
de Wakan Tanka, em manifestação de tudo na existência e como manifestação do
pensamento.
No simbolismo ancestral o círculo é o símbolo do
espaço infinito, sem começo e sem fim, e quando dividido por uma linha
horizontal ele indicava a divisão do espaço infinito na ordem para prover a vida
no tempo, no aqui e agora.
Dividido por uma vertical,
representa também a força receptiva, o princípio feminino, sem largura ou
profundidade. Tudo é nascido da mulher e o poder ativo e força conceitual, o princípio
masculino.
A fusão das duas linhas no
círculo forma um terceiro que é uma cruz circundada. Tempo e espaço. A cruz
quando contida dentro de um círculo é um símbolo do ilimitado e mudando a
realidade das coisas, perpetuando o espírito. Pode representar também as quatro
expressões do poder cósmico fluindo para sua fonte, ou quatro elementos, quatro
corpos, e muito mais.
A Roda da Medicina é o caminho das quatro
direções que conduz ao conhecimento. É
também chamada de Jornada dos Quatro Ventos. Uma jornada lendária que o
principiante empreende para tornar-se uma pessoa de conhecimento. A Roda da
Medicina é a mandala do Xamã, apesar de não existir um símbolo que a
represente, assim como não há nada escrito, nem imagens a serem veneradas,
profetas humanos ou filho de uma divindade. Nenhuma dessas coisas é necessária.
A meta da jornada por meio da Roda da Medicina é despertar nossa visão,
possibilitando-nos descobrir e abranger o divino que há em nós e, com isso,
restabelecer nossa conexão com a natureza e com o mistério do cosmo, adquirindo
capacidade e sabedoria para utilizá-los.
Os "Quatro Ventos" são
assinalados como os quatro pontos cardeais de uma bússola. Começa pelo Sul, pelo Caminho da Serpente, onde abandonamos
as vestes do passado, como a serpente abandona sua pele. A Oeste fica o Caminho
do Jaguar, é onde perdemos o medo e enfrentamos a morte. Ao Norte pegamos o
Caminho do Dragão, onde descobrimos a sabedoria dos longínquos antepassados e
estabelecemos o elo de ligação com o divino. O Caminho da Águia a Leste, que é
o vôo rumo ao sol e a viagem de volta a nossa casa, para exercitarmos a visão
no contexto de nossa vida diária e no trabalho. A lenda explica que esta é a
jornada mais difícil que o Xamã tem que enfrentar.
Ao começar a viajar entre os
mundos o Xamã deve buscar seus aliados espirituais: guias, mestres, auxiliares
e animais de poder. No mundo superior é onde encontramos os nossos mestres e
ancestrais, que nos dão conhecimentos, poder, equilíbrio e saúde, visando a
nossa evolução como Ser. No mundo inferior encontraremos nosso animal de poder
e os animais auxiliares.
Existem várias interpretações
para os animais de poder. Nós vamos encontrar várias, pois a experiência que
lemos em algum livro, ou que nos passam através da tradição oral é de alguma
forma o relato de algum povo, de sua tradição, é energia que se preserva
através dos tempos, sabedoria compartilhada.
E tão importante quanto conhecer
a riqueza que nos é passada é também buscarmos cada um, dentro de sua
experiência e vivência, nosso próprio significado para os animais, pois eles
expressam o que há de mais profundo em nós mesmos.
Como diz o chefe nativo Dan George: "Se
você falar com os animais, eles irão falar com você. E assim, vocês conhecerão
um ao outro. Se você não falar com eles, não os conhecerá... E aquilo que você
não conhece, você teme. E aquilo que se teme, se destrói".
No Sagrado Caminho do Xamanismo
Ancestral o xamã percorre as Quatro Direções, e após concluir sua caminhada em
cada direção, o xamã recebe, como mérito, a energia do Animal Guardião da
respectiva direção alcançada, incorporando essa energia animal em seu ser
interior. Isso representa o nível de consciência adquirida pelo xamã, o que
possibilita, a formação do seu Totem de Poder. O Totem de Poder apenas é
formado quando da incorporação dos Quatro Animais Guardiães no interior do
xamã, ou seja, após o xamã ter passado pelas experiências de vida e
ensinamentos de cada Direção, iniciando pela Direção Sul, passando pelo Oeste,
Norte e finalizando com os ensinamentos da Direção Leste.
É de muita importância salientar que o caminhar das Quatro Direções não trata-se de um percurso linear. Trata-se de uma “Roda Viva” que contêm diversas chaves para adentrarmos e sairmos, a todo e a qualquer momento. O significado das “Rodas” para o Xamanismo nos remete a compreender o verdadeiro tempo multidirecional, que está muito longe de ser linear.
É de muita importância salientar que o caminhar das Quatro Direções não trata-se de um percurso linear. Trata-se de uma “Roda Viva” que contêm diversas chaves para adentrarmos e sairmos, a todo e a qualquer momento. O significado das “Rodas” para o Xamanismo nos remete a compreender o verdadeiro tempo multidirecional, que está muito longe de ser linear.
O caminhar pelas Quatro Direções, no Xamanismo
Ancestral, é o segredo do desenvolvimento e crescimento espiritual do xamã.
Nesse processo, o xamã assimilará as qualidades e experiências adquiridas. Para
só então, poder compreender a “verdade” do Grande Espírito. Para compreender a
Verdade Absoluta, o xamã precisa estar envolvido neste processo, passando pelos
quatro aspectos de sua própria natureza.
Ao mover-se através destes
portais interdimensionais, as Quatro Direções, o xamã precisará, então, ter um
objetivo claro para avançar para o próximo portal, e o modo de alcançar este
objetivo é possuir aliados para isso. Dessa forma, os Animais Sagrados ganham
funções importantíssimas no caminho do Xamã.
Os atributos das Quatro Direções, possuem a rigor, o mesmo significado em todas as tradições xamânicas, tribos e clãs do mundo inteiro. Desde a Sibéria ao Norte das Américas e desde a Austrália à América do Sul.
“As entidades físicas que conferem
poder também variam. Existe o poder do Corvo, o do Falcão, o da Águia, do Urso,
do Lobo, do Coiote, do Gamo, do Salmão, de um Besouro, de uma Cobra bicéfala,
da tenda do suor, cachoeiras, do vento, do raio, do trovão, das estrelas, da
Lua e do Sol. Tudo o que existe na natureza, visível ou oculto, é
considerado Fonte de Poder espiritual que pode ser usado pelo curador a partir
do momento em que ele aprende a contata-la”. Médico Urso-Pardo do
Lago
A busca do animal de cura servirá
para a autocura e a cura dos outros, a cura à distância, a restauração do poder
animal e, entre outros, a busca da parte perdida da alma, numa clara analogia
com o trabalho dos psicoterapeutas. A
cura xamânica é simplesmente uma ampliação da consciência buscando a
mobilização do fator de autocura. Todo arquétipo pressupõe uma contraparte. O
curador contém o doente e vice-versa.
Com a prática do xamanismo nós nos tornamos co-criadores na vontade coletiva da natureza. Tornamo-nos agente da mudança no drama da evolução. Mas do que isso nos libertamos da ilusão de isolamento e adentramos na realidade da inter-relação de toda vida. O xamanismo é uma jornada e emocional, onde tanto o paciente quanto o xamã ficam envolvidos. Através de sua heroica viagem e de seus esforços, o xamã ajuda seus pacientes a transcender a noção normal e comum que têm acerca da realidade, inclusive a noção de si próprios como doentes. Faz sentir aos seus pacientes que eles não estão emocionalmente e espiritualmente sozinhos em suas lutas contra a doença e a morte. Faz com que eles partilhem de seus poderes especiais, convencendo-os, em profundo nível de consciência, de que há outro ser humano desejoso de oferecer seu próprio Eu para ajudá-los.
Com a prática do xamanismo nós nos tornamos co-criadores na vontade coletiva da natureza. Tornamo-nos agente da mudança no drama da evolução. Mas do que isso nos libertamos da ilusão de isolamento e adentramos na realidade da inter-relação de toda vida. O xamanismo é uma jornada e emocional, onde tanto o paciente quanto o xamã ficam envolvidos. Através de sua heroica viagem e de seus esforços, o xamã ajuda seus pacientes a transcender a noção normal e comum que têm acerca da realidade, inclusive a noção de si próprios como doentes. Faz sentir aos seus pacientes que eles não estão emocionalmente e espiritualmente sozinhos em suas lutas contra a doença e a morte. Faz com que eles partilhem de seus poderes especiais, convencendo-os, em profundo nível de consciência, de que há outro ser humano desejoso de oferecer seu próprio Eu para ajudá-los.
Continua...
Autores: Driade e Shankara
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