No dia 05 de setembro de
2010, o Centro Espírita Casa de Redenção Joanna de Ângelis recebeu a
visita do médium Agnaldo Paviani, presidente do Centro Espírita Caminho
de Damasco, psicógrafo do livro Falando Francamente, escrito em parceria
com o espírito Klaus. Na ocasião, foi oferecido um seminário homônimo
ao livro e o palestrante concedeu uma entrevista a respeito de
mediunidade e de trabalhos na casa espírita, tomando por base suas
experiências. Abaixo, disponibilizamos o resultado desse diálogo,
apresentando suas principais considerações.
O ESPÍRITO KLAUS:
Eu diria que Klaus é um espírito difícil de trabalhar. Ele é muito
exigente. Vou dar um exemplo para não dizerem que estou exagerando.
Recentemente eu disse a ele:
— Klaus, eu não ando bem de saúde, uma dor aqui, uma dor acolá; não
dá pra você pedir a uns guias, amigos seus, um passe especial, um
tratamento pra mim?
Aí ele me disse:
— Meu filho, imagine que você vai comprar um carro e só tenha R$3.000,00. Que carro o senhor vai comprar?
— Com 3.000,00! Um Gol, ou um Fusca caindo aos pedaços, e olhe lá! Respondi.
Ele disse:
— Pois é. Quando o senhor foi reencarnar, o senhor só tinha R$3.000,00.
Ele tem esse humor, mas é um espírito bastante rígido, até pelo
trabalho que ele faz. Em nossa casa, nós temos um trabalho de cirurgia
espiritual que ele faz através de mim, toda terça-feira, às seis da
tarde. Ele atende todas as pessoas que estão lá, todos os pacientes. Ele
fica incorporado até meia noite, meia noite e meia, e atende uma média
de 150, 160 pessoas toda terça-feira. Em um trabalho desses, é preciso
uma organização, uma disciplina, uma postura ética. Mas eu tenho um prazer muito grande em trabalhar com o Klaus. Ele tem me ensinado muito, dentro dessa postura rígida.
Nós estamos nessa parceria há quatro anos, mas ele já me acompanha há
um bom tempo. Quem leu o livro Falando Francamente deve ter lido, na
abertura, o meu comentário sobre o problema de saúde de minha mãe.
Depois daquele acontecimento, ele disse que já me acompanhava há muito
tempo, mas minha mente não tinha a abertura necessária para que ele
pudesse abordar os assuntos que desejava. Foi realmente um divisor de
águas, pois eu sempre tive uma formação doutrinária extremamente rígida e
não dava abertura para outros assuntos, para outras considerações.
Depois daquele acontecimento, isso foi possível e o Dr. Klaus se
apresentou para o trabalho de psicografia.
Ele tem dois livros escritos: Falando Francamente e a sua
continuação, A Hora da Verdade. Ele supervisionou o livro Não Há mais
Tempo, que eu não sei se vocês conhecem. É um livro também excelente,
com a fala de vários espíritos. São várias dissertações, inclusive do
espírito Haniere.
Há 30, 40 anos atrás algumas pessoas podiam dizer que era
invencionice, que essas coisas não existiam, mas o Haniere fala sobre
isso com profundidade. Eu acho que o espírita está precisando ler com
maior atenção Kardec e as obras complementares. Por exemplo, no livro A
Hora da Verdade, Klaus fala que há espíritos que, no plano espiritual,
sofrem em calabouços e que são torturados fisicamente.
Uma pessoa certa vez me disse que achava isso impossível porque o
espírito está desencarnado. Como é que a tortura pode ser física? Eu
lembrei a ela que, em Nosso Lar, quando estava sofrendo no umbral, André
Luiz disse que sentia todas as necessidades fisiológicas, fruto da sua
consciência. Ele sentia fome, sentia sede. Se o espírito pode ter essas
sensações, de certa forma ele tem um sofrimento físico. Nós não podemos
esquecer que o perispírito, o corpo astral, é uma espécie de matéria;
uma matéria mais sutil, mas ainda é matéria.
Então nós precisamos estudar e essa é a proposta do Klaus: trazer
assuntos que possam fazer pensar. Não é criar polêmica, mas é fazer o
indivíduo pensar. Ele diz pra mim: Quando uma pessoa lê um livro que a
gente escreveu e ela fica preocupada, algumas noites sem dormir, quando
aquilo a incomoda é porque está dando resultado.
PRETOS VELHOS, ÍNDIOS E CABOCLOS
No movimento espírita, ainda existe certo preconceito nesse sentido,
quando as pessoas classificam os pais velhos como espíritos inferiores.
Outro dia uma pessoa me disse que um preto velho não precisaria se
apresentar na sessão com aqueles trejeitos, aqueles vestuários. Aí eu
fiz uma séria brincadeira com ela: "Então alguém precisa dizer para
Joanna de Ângelis que ela não precisa aparecer de freira para Divaldo. "
É uma questão de preferência do espírito! Por que Joanna se apresenta
daquela maneira? Emmanuel justifica a aparência dele como senador
porque, segundo ele, foi a encarnação em que ele mais cresceu, em que
ele teve contato direto com Jesus. Temos que entender que é uma
preferência do espírito, que a maneira com que o espírito se apresenta é
um vestuário. Há um livro de Divaldo Franco, Loucura e Obsessão, em que
o próprio Bezerra de Menezes faz um atendimento num terreiro de Umbanda como um preto velho.
Os livros Falando Francamente e A Hora da Verdade falam muito das
chamadas inteligências do mal, ou seja, o mal organizado, aqueles
espíritos vulgarmente conhecidos como magos negros, dragões. Os poucos
espíritos que têm condições de lidar com esses espíritos são os pais
velhos, que geralmente são os magos brancos, os quais, dentro das
civilizações que já tiveram seu ciclo terminado na terra (Atlântida,
Lemúria), têm o conhecimento da ciência. É evidente que existem outras
questões, pois existem os pais velhos que morreram no tronco, e que
morreram revoltados.
Em nossa casa, os pais velhos podem atender livremente, não temos
preconceito. Lá temos de tudo. Aliás, acima de tudo está o Espiritismo
com Kardec e Jesus, que é e sempre será a nossa base.
Um dia eu perguntei ao Klaus: — O Espiritismo está centrado na
reforma íntima do ser humano, mas aqui, na nossa casa, nós temos
atendimento em maca, cirurgia espiritual, atendimento de pai velho,
apometria. Não estamos fugindo um pouco à proposta do Espiritismo? E ele
me respondeu com uma imagem simbólica que eu achei maravilhosa e nunca
mais esqueci. Ele disse: — Meu filho, imagine que você está na sua casa,
um dia, meia noite, uma hora, e lhe dá uma dor de estômago, um mal
estar, e você precisa ir para o pronto-socorro. O que é que eles vão
fazer com você lá? — Ora, simples! Eles vão fazer uma ficha, vão pegar o meu nome, eu vou ficar numa sala de
espera, e daí a algum tempo algum médico plantonista vai me atender. —
Muito bem! E se chegar ao pronto-socorro uma pessoa que sofreu um
acidente e que está com traumatismo craniano, baço perfurado e
hemorragia interna? O atendimento vai ser o mesmo? — Não. Ele vai direto
para a sala de cirurgia e vão tentar salvar a vida. Depois eles vão ver
quem é, vão fazer a ficha. — Muito bem! As pessoas que chegam ao centro
estão cansadas. Elas estão sofridas. São pessoas com depressão,
angustiadas, e esse socorro que a gente oferta, do tratamento em massa,
da cirurgia espiritual, é tratamento de emergência. É o tratamento para
quem chega em estado grave. Posteriormente nós vamos falar da
importância da doutrina, da necessidade do Espiritismo para que a
própria pessoa possa se curar.
Algumas pessoas chegam aos centros falando que estão passando mal e
logo um dono da verdade diz: Leia no Livro dos Espíritos a questão tal.
Ora! Naquele momento não interessa o que Kardec disse. Nós temos que
saber qual o problema da pessoa dentro da nossa realidade. Ela está à
beira de um suicídio, a ponto de matar alguém. Ela precisa se sentir
amada, precisa sentir afeto. Depois nós passamos a Doutrina Espírita
para ela. As casas espíritas precisam pensar nesse sentido.
OBSESSÕES COMPLEXAS
Hoje nós estamos vivendo um período em que as obsessões modernas
estão muito presentes no nosso cotidiano, porque realmente há uma
evolução.
O problema é que a maioria de nós tem um conceito de que espírito
obsessor é burro, é ignorante, e não é. Quando nós falamos das
inteligências do mal, estamos falando de espíritos que têm um profundo
conhecimento da ciência. Muitos desses espíritos foram degredados de
Capela e movem essa guerra contra as ideias do Cristo. Nós vivemos um
momento muito delicado da evolução planetária. Esses espíritos já foram
advertidos que o tempo está se esgotando.
Existem espíritos que não conseguem mais reencarnar. No livro
Senhores da Escuridão, de Robson Pinheiro, espíritos iluminados citam a
lua como um lugar onde estão espíritos que ainda não foram encaminhados,
pois existe um planeta específico para eles, o que também não é
novidade. Chico Xavier falou desse planeta quando o chamou de "planeta
chupão", que está se aproximando da Terra e vai causar algumas situações
complicadas para a humanidade. Por uma questão de vibração, quando esse
planeta passar, vai atrair todos os espíritos que estiverem na faixa
vibratória de rancor, ódio, mágoa, os quais serão automaticamente
atraídos para ele. Será a fase final da separação do joio do trigo, a
fase final do degredo que nós sabemos que já está acontecendo.
PRESENÇA DE KLAUS
Klaus não está presente, mas sim José Lázaro, que trabalha com ele.
Não sei se vocês conhecem o livro Batalha Final, que fala da política
brasileira, do que está acontecendo nos bastidores do planeta Terra,
inclusive no Brasil, da questão da educação, de como as inteligências do
mal estão tentando intervir no progresso da humanidade, de um político
brasileiro, de um traficante de drogas muito famoso aqui no Brasil e da
ligação deles.
Falo isso porque, para as inteligências do mal, o tráfico de drogas é
muito importante. Isso porque um jovem que cai nas malhas da
dependência química não precisa de obsessor. Este se afasta e vai cuidar
de outra coisa, pois as drogas fazem o papel que caberia a ele. Eles
têm interesse em ter uma geração de dependentes.
TRANSIÇÃO PLANETÁRIA
A transição planetária é um processo natural. Em A Marca da Besta,
Robson Pinheiro faz uma análise do apocalipse de Jó, de todas aquelas
tragédias previstas no Apocalipse. O espírito Ângelo Inácio explica que
elas acontecerão na Terra. Teremos então o fim do mundo? De certa forma,
sim.
Nós teremos o fim de um mundo velho para o nascimento de um mundo
novo. Isso não vai impedir que passemos por situações difíceis. Ainda
teremos muitos tsunamis, vulcões em erupção. Há uma previsão de Divaldo
Franco que, em 2050, as nações estarão guerreando por causa da água, não
mais por petróleo. Então, eu perguntei ao Klaus: Por que isso? O homem
tem que passar por isso?
Boa parte desses acontecimentos faz parte do processo de evolução
natural do planeta, e acontece em todos os planetas do universo. O
homem, porém, poderia ter evitado tudo isso se tivesse cuidado mais do
planeta, se tivesse protegido mais a própria espécie humana. Ele não
precisava passar por tanto sofrimento assim.
Mas temos que nos desesperar?
De maneira alguma. Lembremos o que disse Jesus nas Bem Aventuranças:
"Bem aventurado os mansos e pacíficos, pois eles herdarão a Terra". Isso
significa que Jesus está no comando, que tudo está acontecendo com a
atenção do Cristo, pois ele é o governador espiritual da Terra. Então
não há razão para o desespero e, se ele disse que os mansos e pacíficos
herdarão a Terra, é porque o mundo não vai acabar.
Nós passaremos, sim, por um processo difícil, mas de transformação e
todo processo de transformação gera uma inquietação, basta ver o nosso
processo. Todo mundo que quer melhorar passa por esse processo, pois
somos espíritos que permanecem há séculos na maldade, na ociosidade, e
agora queremos mudar, e isso gera um desconforto. Nós queremos, mas
ainda não temos força, e isso gera uma guerra dentro de nós.
MEDIUNIDADE E INSEGURANÇA
Todos os médiuns são inseguros. Não há nenhum médium que não tenha
insegurança. Às vezes, eu levo 4, 5 horas para escrever um capítulo.
Eu sou avesso a computador, então eu ainda psicografo meus livros na
máquina de escrever. Isso me gera problemas, pois a máquina de escrever
não tem delete. Às vezes Klaus diz:
— Meu filho, não ficou bom.
— Qual parte não ficou bom? Diga que eu risco.
— Não. Não ficou bom tudo. Vamos escrever de novo.
Estou dizendo isso para tranquilizá-los, pois existem bons médiuns
por aí que têm um bom conhecimento e usam aquela frase: "Quem sou eu?" É
um endividado que precisa trabalhar. Nós, médiuns, somos endividados
que precisamos trabalhar. Então precisamos vencer a insegurança.
Chico Xavier psicografava com um espírito em uma mão, outro em outra,
e ainda dava uma mensagem psicofônica. Mas isso era Chico Xavier! Nós
outros, médiuns, temos essas incertezas, ansiedades, esse medo: o que é
do espírito? O que é meu?
Debato muito com o Klaus e, quando digo que um raciocínio parece meu, ele responde:
— Esse trabalho é de parceria. Fique tranquilo. O processo anímico na mediunidade é natural.
Vocês sabiam que muitos textos de Klaus ele não psicografa de corpo
presente? Ele é médico, trabalha num hospital, no plano espiritual, e
tem muitos afazeres. Quando eu durmo, não sei como ele me leva, não sei
onde é o lugar, de que jeito acontece. Eu não vou saber dizer, porque eu
não guardo essa consciência, mas eu sei que nós vamos para um
determinado lugar. Ele senta e diz: Amanhã eu quero que você escreva
isso e isso.
Ele me diz o que ele quer e quando eu acordo passo para o papel.
Depois ele vem conferir. Então eu digo aos médiuns iniciantes: Vão em
frente! Trabalhem!
E as minhas dúvidas? Vamos continuar lutando. São dúvidas de todos os
dias, mas nós temos que produzir. A espiritualidade quer isso. Por
isso, quando foi definir o espírita, Kardec foi muito feliz: ele não
disse que os espíritas são almas santificadas. Ele disse que o
verdadeiro espírita é aquele que se esforça para mudar. A luta é grande.
SENTIMENTOS
Como a coisa é complicada nessa área do sentimento!
As obras de Inácio Ferreira, através de Barcelli, de Ermance Dufaux,
através de Wanderley de Oliveira, e até mesmo as de Divaldo Franco,
falam sobre a situação difícil em que se encontram muitos espíritas
desencarnados do lado de lá. E eram espíritas atuantes, que se
dedicaram! Por quê? Por causa dessa questão do sentimento.
Dr. Klaus, certa vez, me fez a pergunta:
— Quem é Agnaldo?
— Eu sou presidente do Centro Caminho de Damasco há 18 anos, tenho quatro filhos... Aí ele disse:
— Eu não estou perguntando sobre os papéis que você representa. Eu
estou perguntando quem é o ser, a alma. E quando tirei tudo isso, não
sobrou muita coisa.
É muito importante o trabalho que você faz, os livros que você
psicografa, mas nunca esqueça: é preciso saber qual é o trabalho que
você está fazendo dentro de você mesmo.
Fizemos uma palestra intitulada Quartinho dos Fundos, em que falamos
de sentimento. Nessa palestra, fizemos a seguinte proposta: temos que
estudar o Espiritismo pra fora, mas também temos que estudar o
Espiritismo pra dentro; temos que rever nossos conceitos, nossa postura
íntima. É muito difícil falar disso, mas tem muita gente fazendo a
caridade por egoísmo, por orgulho. Qual é a pergunta principal? Qual é o
sentimento que está me movimentando?
Vamos dar um exemplo: você é o dirigente da casa e uma nova
trabalhadora foi colocada na mediúnica para trabalhar. Aí eu chego pra
você e digo: Você colocou fulana na sessão para trabalhar. Olha lá...
Ela está um pouco perturbada. Eu acho que não é hora... Qual é a
pergunta principal: preocupação com a casa? Preocupação com o novo
trabalhador? Ou inveja?
Nós temos trabalhado essa temática em nossas palestras e nos livros.
No livro Contato Imediato, a Alteridade como base nos relacionamentos, o
Espírito José Lázaro narra uma história verídica de um grupo espírita
que foi atacado pelas trevas e ele ressalta o que provocou esse ataque:
os melindres, a fofoca, o ciúme.
VIDA FAMILIAR
Se não fosse a minha esposa, nós não estaríamos fazendo um trabalho
tão gigantesco como fazemos, pois eu viajo o ano todo. Minha esposa é
espírita e trabalha na creche em Botuporanga, onde temos 150 crianças, e
que recebe toda a renda da venda dos livros. A creche se chama Benedita
Pimentel, um espírito carinhoso que me acompanha há muito tempo. Ela é
nossa mãezona e cuida carinhosamente da creche. Minha esposa também
cuida da editora. Tenho quatro filhos. Minha filha Aline, com 15 anos,
trabalha na mediúnica, provando aos dirigentes mais conservadores que
mediunidade não tem idade, é idade na maturidade. Naturalmente nós temos
que tomar alguns cuidados, mas tem muita gente de 30, 40 anos, que é
ainda criança, não tem responsabilidade alguma. Evidentemente temos que
tomar cuidado, pois um jovem tem que priorizar os estudos, a
profissão... Cada caso é um caso. Em termos de família, é isso: eu viajo
e minha esposa cuida de tudo. Ela me proporciona essa possibilidade de
viajar.
Em nossa casa nós temos três sessões mediúnicas, mais a cirurgia
espiritual e o trabalho social. Quando estou, participo de todos. Quando
viajo, existem pessoas responsáveis para me substituir, exceto a
cirurgia espiritual, que é o único trabalho que não é feito quando eu
não estou, pois eu sou o médium que Klaus utiliza. Klaus me autoriza a
faltar três vezes ao ano, pois vêm muitas pessoas de outras cidades e
nós não podemos estar suspendendo o trabalho.
Raramente Klaus me acompanha durante as viagens. Ele diz que quem foi
convidado para as palestras fui eu, ele já escreveu o livro, então,
agora, eu faça a minha parte. Nas viagens que eu faço há uma equipe
espiritual. Tem o espírito que cuida da segurança, comanda os soldados
espirituais. Vez ou outra, Klaus aparece para deixar uma mensagem.
Cirurgia espiritual ele só faz no nosso Centro.
COMPORTAMENTO DO MÉDIUM
É preciso haver bom senso. Não estamos dizendo que a disciplina é
ruim, mas o excesso de disciplina tira a espontaneidade do médium, e é
aí que está o detalhe. Se o médium faz um movimento mais brusco, está
obsidiado. Agora imagine um médium dando comunicação de um espírito que
morreu queimado. Como é que o espírito vai se comportar? É natural que o
médium tenha movimentos mais bruscos! Em nossa casa, não temos mais a
mesa mediúnica, temos colchonetes no chão, pois, às vezes, é necessário
que o médium se deite no chão para algumas incorporações. O que podemos
considerar como disciplina é o fato do médium nunca ter agredido o
doutrinador, pois o bom médium não é aquele que cerceia o espírito, mais
aquele que sabe até onde pode deixar o espírito ir. Por exemplo, não
pronunciar palavras de baixo calão, pois não tem necessidade. Aí entra a
disciplina do médium. Nós temos que distinguir o que é disciplina e o
que é espontaneidade, pois são coisas diferentes.
Às vezes, tem-se uma sessão mediúnica onde só o dirigente incorpora o
guia e os outros ficam olhando. Fica uma sessão mediúnica chata, o
médium não vê a hora que ela acabe e isso acaba com o trabalho. Tem-se o
engessamento do médium.
No livro Os Dragões, Maria Modesto Cravo diz: "O movimento espírita é
uma grande enfermaria, com um bando de doentes que pensam que são
médicos." É o nosso caso.
Nós temos que considerar sempre os dois lados. Klaus sempre me diz
para explicar bem, para não dar margem à interpretação dúbia. Existe o
outro extremo. Um amigo me contou que um espírito incorporou numa médium
na sessão e ela deu um grito tão forte que o espírito se afastou e
disse "Eu sou obsessor, mas não sou escandaloso assim não. Quando você
acabar, eu volto e falo o que eu quero".
Tem a questão da parte anímica, um fantasma para os médiuns. Dr.
Inácio fala sobre animismo como um processo natural. Há muita coisa que
precisamos conhecer, mas, para isso, precisamos ter a mente aberta.
Kardec não fechou todas as questões. Por isso vieram André Luiz, Ivone
do Amaral Pereira e outros espíritos e médiuns.
Você sabia que esse negócio de pureza doutrinária é um conceito que
as trevas resolveram semear no movimento espírita? Existem muitos
centros que proíbem livros que falam das trevas. Então, não conhecendo,
você não sabe o mecanismo de funcionamento.
As inteligências do mal têm atuado muito na mídia. Um exemplo é a
gripe suína. É claro que houve o problema, mas não na proporção
mostrada. Surgiu do dia pra noite e sumiu. Foi uma obsessão coletiva.
AFETIVIDADE ENTRE MEMBROS DA EQUIPE DE DESOBSESSÃO
Nós aprendemos que as trevas ensinam espíritos a imitar os guias aqui
na terra. A classe mais procurada é a que imita Bezerra de Menezes.
Kardec alerta que, quando você quiser saber se uma mensagem é verdade
ou não, observe o conteúdo. Só que existem espíritos muito
inteligentes, que falam muito bonito e, lá no meio da comunicação, é que
eles deixam o veneno. O espírito inferior pode mudar sua caligrafia,
sua aparência, mas tem algo que ele não consegue mudar, que é sua
vibração. O espírito inferior tem uma vibração negativa, aí entra na
afetividade. Se um espírito inferior entra num grupo com interesse de
enganar, e esse grupo que está enfrentando muitos momentos difíceis,
muitos melindres, ele vai enganar todo mundo.
Por outro lado, se ele entra num grupo com laços de afeto, uma
amizade verdadeira, o grupo vai se sentir incomodado. Klaus coloca como a
coisa mais importante a união dos seus trabalhadores.
VOLTANDO À INSEGURANÇA
A insegurança retrata responsabilidade. O médium não pode fazer de qualquer jeito.
Os guias adoram deixar a gente atormentado. Eu odeio viajar de avião e
uma vez eu perguntei a Klaus, incorporado em outro médium:
— Está na minha programação encarnatória alguma coisa com acidente de avião?
E ele respondeu:
— Não, meu filho, não tem nenhuma programação neste sentido.
— Graças a Deus!
— Mas, espera aí! Se você estiver no aeroporto errado, no voo errado...
OBSESSÃO INFANTIL
Precisamos entender que nossas crianças são espíritos velhos, que
podem sofrer o assédio. Meu filho, com quatro anos, levantou uma manhã e
não ficou de pé, caiu. Pensamos que era paralisia infantil, levamos ao
médico, que não achou nada. Fizemos então uma sessão mediúnica na minha
casa mesmo e o médium atraiu um espírito que estava com ele em forma de
cobra, e que havia sido colocada com ele para me atingir. O espírito
havia se enrolado nas pernas dele. Na hora em que o médium incorporou,
ele rolava no chão. O dirigente conservador vai dizer que isso é
indisciplina. Cinco minutos depois meu filho estava correndo.
Apesar de termos percebido que a grande parte das obsessões
espirituais em crianças é consequência do desequilíbrio dos pais, é o
lar que está atormentado, e a criança, como é mais sensível, acaba
captando isso. Pode ser até mesmo um chamamento para os pais. Por isso a
gente recomenda a Evangelização infantil, pois ali há um espírito velho
que traz suas lutas, seus problemas, suas dificuldades, seus problemas.
A gente tem aquela ideia, que não é verdadeira, que a criança tem
proteção espiritual. Proteção espiritual todos nós temos, mas cada um
tem sua história, sua luta, e existem espíritos tão endividados que
começam cedo. E merece dos pais maior atenção, dentro do lar
principalmente.
Muitas mães falam que a criança vê vultos à noite, não dorme direito.
Aí eu pergunto: como é seu marido? Ele bebe? A mãe fala alto? Então a
criança está captando a vibração do ambiente.
Existem poucas obras falando sobre o assunto. Tem uma recente de Suely Caldas Schubert.
PERCEPÇÃO
Nós atendemos a alguns casos bem complicados. E Klaus diz que os
médiuns têm que aprender a pensar. É fácil alguém dizer o que se tem que
fazer. A parceria tem que ser não só entre o médium e o espírito, mas
entre os médiuns. Temos que desenvolver a percepção.
MENSAGEM FINAL
Eu fico muito feliz de estar aqui, muito alegre pela oportunidade.
Meu desejo é que o Seminário possa dar um bom resultado, e um bom
resultado não é vocês saírem felizes, mas ficarem, pelo menos, umas duas
noites sem dormir.
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