Queridos Leitores, Seguidores e Amigos do Ametista de Luz, nesta semana, especificamente 04 de Outubro, dia que se comemora no planeta, o meu Amado Mestre São Francisco de Assis, então venho compartilhar com vocês sobre uma faceta deste abnegado ser de Luz que a maioria desconhece. Descobri por acaso em 2010, ainda na época em que eu trabalhava em um centro espírita que tinha São Francisco como mentor maior da casa, e confesso-lhes que apresentei esta pesquisa no centro referido mas parece que a eles por serem "espíritas" não se interessaram, mesmo sendo a história do padroeiro de tal entidade. Creio que perderam uma grande oportunidade de aprendizado e ecumenismo, pois São Francisco está presente em diversas áreas de cunho espiritual, elevação e estudo. Hoje, ele já é um Mestre Ascensionado da Grande Fraternidade Branca Universal sendo conhecido como Mestre Kuthumi e seu Raio/Chama de atuação é o 2º Raio/Chama Dourada da Sabedoria, Iluminação, Equilíbrio, Intuição e Percepção Divinas. E atua hoje junto com Mestre Jesus como Instrutor Divino do planeta Terra. Vamos aos relatos:
Ao
ler sobre meu querido Mestre Francisco de Assis, descobri tantas coisas novas
sobre ele, que vão além de tudo que já sabemos sobre sua vida desde Assis na
Itália a partir de seu nascimento provavelmente em 1182, e na verdade muito tem
a ver com o nosso Brasil de norte à sul.
Em
1982 foram comemorados os oito séculos do seu nascimento com lançamento de
livros, um selo postal, salões de arte e celebrações religiosas. As três
ordens, fundadas por ele, os franciscanos, as clarissas e a ordem terceira,
manifestaram-se na ocasião.
São
Francisco e seus frades estão muito presentes na história e na cultura popular.
"Em
Canindé (CE) está seu grande santuário que atrai anualmente muitos milhares de
romeiros. Especialmente nas igrejas barrocas existem imagens bonitas do nosso
santo, que é padroeiro dos escritores de cordel (desde 1975) e de todos os
trovadores. A fé popular guarda histórias, rezas benditas e até pontos de Umbanda
que falam de São Francisco. Umas quadras conhecidas:
São
Francisco é meu Pai, Santo Antônio é meu irmão
Os
anjos são meus parentes Ó que bela geração.
(Araçuaí.
MG. 1979)
Viva
São Francisco Com tanta grandeza
Retrato
de Cristo É pai da pobreza.
(Salinas.
MG. 1978)
Ó
meu padre São Francisco Coluna da fortaleza
Assuspende
o seu cordão Senão eu caio de fraqueza.
(Araçuaí.
MG. 1977)
Ele está presente nos
cantos de penitência na ocasião das secas. Também há quadras sobre ele nas
folias de Reis e nos benditos da Semana Santa. São Francisco tem cantos de
romaria e de simples devoção. Existem rezas que pedem sua ajuda para render e
abençoar a comida, para amansar doidos e afugentar o demônio. Em alguns lugares
é cantado o ofício popular de São Francisco (Conforme Cartilha da Doutrina
Christã, de Antônio José de Mesquita Pimentel. Porto, 1871. pág.198ss.).
Esta
pequena introdução não mostra toda a riqueza da devoção popular para com São
Francisco, mas é parte do contexto em que aparece o CORDÃO DE SÃO FRANCISCO."
- (Artigo publicado na
Santa Cruz. Nov/1982 e no Boletim da Comissão Mineira de Folclore. Ago/1986)
Mas neste conhecimento
adquirido sobre Francisco de Assis, o que mais me chamou atenção foi descobrir
que no início do século passado havia uma Linha de Umbanda que era chefiada
pelo nosso São Chico, há registros em livros e inclusive conhecimento passado
por pessoas mais antigas que conheceram os trabalhos de cura e de desobsessão
nesta linha da Umbanda chamada de Linha Simiromba, que etimologicamente quer
dizer Frade. Também conhecida como Linha dos Monges ou Linha de São Francisco
de Assis. Nessa linha trabalham padres, freiras, monges e utilizam cânticos da
Igreja e outras formas bem Católicas de trabalhar, misturados com uma mística
medieval.
Esta linha de trabalho foi
aos poucos desaparecendo das casas de Umbanda por motivos históricos, conforme
relato abaixo:
É uma linha que se
originou nas Macumbas Cariocas (As "macumbas" o que eram? mistura de
catolicismo, feiticismo negro e crenças nativas - multiplicavam-se; tomou
vulto a atividade remunerada do feiticeiro; o "trabalho feito"
passou a ordem do dia, dando motivo a outro, para lhe destruir os efeitos
maléficos; generalizaram-se os "despachos", visando obter
favores para uns e prejudicar terceiros; aves e animais eram sacrificados, com as mais
diversas finalidades; exigiam-se objetos raros para homenagear entidades
ou satisfazer elementos da baixo astral. Conforme relatado no Livro Brasil
Coração do Mundo Pátria do Evangelho, do Espírito Humberto de Campos
psicografia do Chico Xavier, a Espiritualidade Maior já de olho em tudo que
acontecia mandou seus emissários, para frear as maldades que estavam sendo
feitas e com isso em 15 de novembro de 1908, Zélio de Moraes dá o pontapé
inicial ao receber o Caboclo das Sete Encruzilhadas e fundar assim a Umbanda
uma religião puramente nacional, que visava o bem, a cura, o intercâmbio
mediúnico e o não sacrifício de animais.”) como a Umbanda não existia ainda por
isso antes de Zélio, e existem relatos em um dos livros do Arthur Ramos e ou do
Nina Rodrigues Mbanda ou Embanda (que posteriormente se transformou em Umbanda
após e continuou pluralizada em vários
tipos e formas de trabalhos).
Com o passar do tempo essa
linha foi sendo deixada de lado e o que se encontra hoje são referências
místicas e esotéricas como as do "Vale do Amanhecer" (Tia Neiva
mentora física e hoje também espiritual), cabe aqui explicar que Francisco de Assis nesta linha de trabalho é
conhecido como Pai Seta Branca, que é o líder
da doutrina do Vale, e segundo Tia Neiva em uma das vidas passadas
Francisco viveu como um indígena, próximo ao Lago Titicaca, entre o Peru e
a Bolívia.Por isso a caracterização
indígena e o nome Seta Branca, que também
é conhecido como Simiromba de Deus ou Simiromba do Grande Oriente de
Oxalá.
A Linha de Simiromba dentro do sincretismo
afro-católico, seria uma Linha de Trabalho ligada a Oxalá (onde inclusive
trabalham diversos outros santos da linha católica) e tida como cura,
desobsessão, retirada de elementos negativos (por isso começaram a trabalhar na
época das “macumbas”, pois os trabalhos de feitiçaria para o mal predominavam,
e segundo relatos esta linha chefiada por São Francisco de Assis é exímia em
trabalho de desmanchar magias negras, feitiçarias e desobsessões, além da cura.
O trabalho era feito com
rezas, velas, incenso, e trajes característicos (hábito de monje e de freira),
e tinha toda uma mística esotérica envolvida (talvez por isso começaram a atuar
mais no Vale do Amanhecer). Creio particularmente que também isso se deu com a
própria criação da Umbanda que através de outras linhas de trabalhadores como os
Pretos Velhos, Exus, Erês (crianças) e os próprios Orixás e seus Falangeiros
quando chegaram ao plano físico assumiram, digamos assim, a limpeza dos
“trabalhos sujos”.
Uma realidade muito cruel
de discriminação e preconceito, aconteceu com a institucionalização da Umbanda
e na migração de muitos Espíritas para o meio Umbandista nos anos de 20, 30 e
40 do século XX, e que culminou também com a realização do Pacto Áureo, como
forma de proteção ao Espiritismo Doutrinário.
Muitos Espíritas
descontentes com a forma de trabalhar do Espiritismo Doutrinário ou Ortodoxo
migraram para a Umbanda, dita como "Umbanda Branca" (juntando o
trabalho de mesa com o trabalho de guias, como: Caboclos e Preto-Velhos)
. Mas, ao mesmo tempo, houve uma discriminação de trabalhos que eram
feitos antes da institucionalização da Umbanda, que eram feitos nas antigas
Macumbas e que eram considerados como não evoluídos (isso atingiu a Linha de
Simiromba e outras linhas tidas como Africanizadas) .
Houve uma hipervalorização
de duas formas de trabalho: a da Linha Branca Espiritismo de Umbanda
(capitaneada por Zélio e por migrantes do Espiritismo Doutrinário ou Ortodoxa,
e do Esoterismo que acabou encontrando lugar no que é conhecido como Umbanda
Esotérica, a qual engloba várias vertentes, em que se destacou o trabalho de
Betiol, Emanuel Zespo e WW da Matta e Silva).
Em 1941, com o Primeiro
Congresso de Espiritismo de Umbanda (existe uma copia digital dos Anais desse
Congresso no Site do Povo de Aruanda, se não me engano), foi intencionalmente
criada uma barreira altamente preconceituosa aos cultos africanistas e outros
que não estivessem dentro do contexto Espírita e Esotérico. Além de se colocar
no Congresso a preocupação de dar a Umbanda uma origem que foi atribuída à
Lemúria e a Atlântida.
Pelo lado do Espiritismo,
para não haver uma miscigenação da Doutrina Espírita com a o Espiritismo de
Umbanda, e outras seitas que pudessem poluir a Doutrina Espírita, foi criado em
1949 o Pacto Áureo. Esse Pacto frustrou os Espíritas Umbandistas de
assumir a Umbanda como Espiritismo de Umbanda, pois muitas das pessoas que
militavam na Umbanda Branca nessa época ou eram dissidentes do Espiritismo
Ortodoxo, ou permaneciam em ambos (na Umbanda Branca ou Espiritismo de Umbanda
e em Casas Espíritas).
Com a criação do Pacto
Áureo essas pessoas tiveram que escolher onde iriam ficar: ou no Espiritismo
Doutrinário ou no Espiritismo de Umbanda ou Umbanda Branca.
Os outros cultos de Umbanda
acabaram se isolando e tentaram construir Federações que os abraçassem ou se
retiraram do Rio de Janeiro para outros locais, como acabou acontecendo com a
Linha de Simiromba, e algumas formas de Umbanda Omolokô que acabaram dando
Origem em Florianópolis no Culto de Almas e Angola.
A partir de 1950 e por
diversos aspectos de discórdias e brigas, a Linha de Umbanda Esotérica também
acabou se isolando do Espiritismo de Umbanda que acabou retirando o nome
Espiritismo e deixando apenas o de Umbanda Branca. E isso pode ser notado
no Congresso de 1961, Segundo Congresso de Umbanda.
Existe muita história
sobre a Umbanda em seus vários aspectos. É um motivo de também haver
muitos preconceitos que foram sendo passados de geração à geração.
Só lembrando que existia e
parece que ainda existe, mas bem pouco difundido, algumas casas de Umbanda que
ainda trabalham com essa linha
maravilhosa cujo Mentor ou Guia, ou Dirigente Espiritual é Francisco de Assis,
este espírito que é pura luz, amor e abnegação e prá nossa felicidade, duas
casas remanescentes estão aqui no Rio Grande do Sul, um dos “sacerdotes”
responsáveis era um tenente reformado da Marinha e cujo centro chama-se Centro
de Umbanda de São Francisco de Assis, hoje quem o dirige é a irmã deste tenente
pois o mesmo faleceu, senhora Núbia Martha. O outro parece ter o nome de Casa
de Oração São Benedito, cujo responsável é o Sr. Marcelino Antônio, nestes dois
casos as fontes consultadas não lembravam as respectivas cidades.
A Umbanda de Simiromba
tem a assistência de espíritos franciscanos, e seus trabalhos são muito
bonitos, eles fazem muitas preces, novenas, suplicas faladas com
protetores, dizem ainda que tem origens
no estado do Maranhão .
À título ainda de
conhecimento, cabe salientar que a primeira Tenda Umbandista fundada pelo Zélio
de Moraes, a Tenda Nossa Senhora da Piedade trabalhava com essa linha de
Simiromba, inclusive numa das incorporações do Caboclo das Sete Encruzilhadas,
um médium vidente questionou o Caboclo Sete o porque dele falar como um
caboclo, pois via que ele usava um
hábito marrom de jesuíta, ao qual ele informou estar assim vestido de acordo
com sua última encarnação na terra como padre jesuíta(e como nada é por
acaso...)
Eram comuns naqueles
tempos os centros de Umbanda que trabalhavam na linha de Simiromba, como era o
caso da Cabana de Pai Caetano, fazerem a Oração de São Francisco na abertura
das giras de Caboclos.
Era uma gira abençoada,
conforme relatos de pessoas que conhecem esse trabalho.
Deixo abaixo, estrofes de
pontos cantados nas sessões de Simiromba:
Simiromba
vem Simiromba
Com a cruz na mão Simiromba
Como ele vem contente, Simiromba
Trazendo a sua redenção, Simiromba
Bate, bate, bate, bate, Simiromba
Ora tornas a bater, Simiromba
Para concluir tão belo conhecimento deixo depoimento de uma senhora do Rio de Janeiro, chamada Márcia e que faz parte do meio Umbandista e cujo depoimento sobre a Linha de Simiromba é impar:
MÃE MÁRCIA D'OYA:
Iniciei-me na Umbanda nos anos 60 e conheci pelo menos 4 centros aqui no Rio de Janeiro, que trabalhavam com a linha de Simiromba:
O primeiro era da Mãe Carmen, ficava no Encantado; o outro era da Mãe Guiomar Reis, no Sampaio, que foi quem me iniciou na Umbanda, chamado Casa da Vovó Maria Conga, terceiro era o terreiro de Mãe Dalila que ficava na Rua Barão dos Santos Anjos, no Engenho de Dentro, e ainda, a Cabana de Pai Caetano que era de meu avô carnal.
Iniciei-me na Umbanda nos anos 60 e conheci pelo menos 4 centros aqui no Rio de Janeiro, que trabalhavam com a linha de Simiromba:
O primeiro era da Mãe Carmen, ficava no Encantado; o outro era da Mãe Guiomar Reis, no Sampaio, que foi quem me iniciou na Umbanda, chamado Casa da Vovó Maria Conga, terceiro era o terreiro de Mãe Dalila que ficava na Rua Barão dos Santos Anjos, no Engenho de Dentro, e ainda, a Cabana de Pai Caetano que era de meu avô carnal.
Na casa de
meu avô, Pai Maurício, Simiromba era uma linha de trabalho chefiada por São
Francisco de Assis. Eram freis e freiras que trabalhavam principalmente com
cura. Eram invocados dentro da linha de São Sebastião (Oxossi).
Minha avó,
Mãe Marina, trabalhava nesta linha com um Frei, que sempre fazia os casamentos
da casa. Este frei, quando incorporado, durante estas cerimônias, transformava
2 pétalas de rosas brancas em hóstias que eram dadas aos noivos como se fosse
uma comunhão. Vestia-se com uma túnica branca com uma cruz azul bordada no
peito.
Ao ouvirem "Salve Simiromba", os atabaques rufavam, se havia Caboclos em terra, estes se ajoelhavam para seus cânticos e assim permaneciam até que esta entidade chegasse.
Seu ponto de chamada era cantado lentamente:
Ao ouvirem "Salve Simiromba", os atabaques rufavam, se havia Caboclos em terra, estes se ajoelhavam para seus cânticos e assim permaneciam até que esta entidade chegasse.
Seu ponto de chamada era cantado lentamente:
Salve Simiromba!
Ê, Simiromba â.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Simiromba, vem â Simiromba
Vem, vem, vem, Simiroba,
Ele vem com a cruz na mão, Simiromba.
Ê, Simiromba â¦
Vem, vem, vem, Simiromba!
Vem abençoar a gente, Simiromba
Ê, Simiromba!
Vem pelas mãos de Deus, Simiromba.
Ê Simiromba â¦.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Lembro-me de mais um ponto que era cantado enquanto éramos abençoados:
Se meus olhos não me enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦.
Me abençoa, meu Pai.
No raio do amor
No raio da Luz!
Se meus olhos não me enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦
Me abençoa, meu Pai,
No amor de Maria com a sua cruz!
Tenho em meu acervo foto de minha avó,
Mãe Marina, incorporada com este frei franciscano. (Segue em anexo)
Pesquisa realizada por Anna Cirene Aguyrre - ano 2010
Bibliografia:
- Sites e Blogs da Internet (Diversos)
- Grupo Povo de Aruanda
- Blog Povo de Aruanda – Depoimentos:
* Mãe Márcia
D’Oya,
* Pai Léo de Ogum,
* Alex de Oxóssi – Idealizador, criador e moderador do
Site Povo de Aruanda, Blog Povo de Aruanda e Grupo Umbandas & Umbandas
- Textos de Etiene Sales: - Administrador, Sacerdote
Umbandista, Pós Graduado em Ciências da Religião.
- Boletim da Comissão Mineira de Folclore – Agosto de
1986
- Dissertação de Vanessa da Siqueira Labarrere: “ O
Vocabulário da Doutrina Religiosa do Vale do Amanhecer Como Índice de Crioulização
Cultural” – Curso de Pós-Graduação em Lingüística, Instituto de Letras
–Departamento de Línguas Clássicas e Vernácula, Universidade de Brasília.
– Orientador: Prof. Hildo Honório do Couto
- Livros:
- Brasil Coração do Mundo Pátria Do Evangelho, Humberto
de Campos – Psicografia de Francisco Candido Xavier.
- O Negro Brasileiro: etnografia religiosa e
psicanálise (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1934) – Arthur Ramos
- A Aculturação Negra no Brasil (Rio de Janeiro, Cia.
Editora Nacional, 1942) – Arthur Ramos
- Os Africanos no Brasil – Raimundo Nina Rodrigues
- O Animismo Fetichista dos Negros na Bahia – Raimundo
Nina Rodrigues
Ao compartilhar por gentileza forneça os créditos.
Att.,
Anna Cirene Aguyrre
Att.,
Anna Cirene Aguyrre
Excelente trabalho! Obrigado por autorizar compartilhar.
ResponderExcluir