quinta-feira, 19 de junho de 2014

MEDIUNIDADE RESPONSÁVEL




Criou-se um conceito infeliz, que se popularizou, a respeito da mediunidade, informando ser uma pesada cruz para os seus portadores.

A partir da informação incorreta, passou-se a temer o desenvolvimento mediúnico por associá-lo às terríveis aflições que acarretaria.

Não poucos candidatos ao ministério mediúnico, por desconhecimento dos valores que tipificam a faculdade, evitam exercitá-la, receando a carga aflígente das provações que seriam acrescentadas à existência.

É totalmente destituída de legitimidade a leviana informação, desde que a mediunidade é uma faculdade neutra, por meio da qual se comunicam bons como maus Espíritos, ocorrendo formosos ou aflitivos fenômenos de variado conteúdo.

As dores que parecem acompanhar os médiuns que se afeiçoam ao trabalho do bem na Terra têm a sua origem em suas existências transatas, sem nenhum compromisso com a faculdade.

Caso não exercessem o ministério, os mesmos padecimentos os alcançariam, convocando-os à reparação dos delitos antes perpetrados, em razão da carência afetiva, que lhes não proporcionou a liberação que se dá mediante a ação da solidariedade, do amor, da caridade...

A mediunidade exercida com responsabilidade diminui o resgate daqueles que se encontram comprometidos com as Soberanas Leis, em razão das admiráveis contribuições de que se fazem portadores, atendendo os padecentes de ambas as esferas da vida: a material e a espiritual.

À semelhança de outras faculdades da alma, que o corpo reveste de células para atender aos objetivos a que se encontram vinculadas, não poucas vezes os seus portadores experimentam os desafios que fazem parte do seu programa evolutivo.

Aceita com naturalidade e de forma consciente, a mediunidade alarga os horizontes da percepção humana a respeito dos valores existenciais, contribuindo com elevação para a compreensão da imortalidade, dos objetivos da jornada física que devem ser realizados cm clima de alegria e de gratidão a Deus.

Facultando a convivência lúcida com os desencarnados, proporciona tranquilidade em tomo de todas as ocorrências do carreiro carnal, ensejando entendimento a respeito dos desafios e das dificuldades que se encontram nas experiências evolutivas, responsáveis pela conquista da plenitude, quando superados.

Desse modo, o denominado calvário dos médiuns somente tem lugar quando esses, entregando-se ao ministério com abnegação, padecem as incompreensões que ocorrem sempre quando se apresentam as crises morais, prenunciadoras da transição para mais belas florações do ser humano e da sociedade.

Transformar a atividade num verdadeiro mediunato é o dever de todo aquele que se encontra convocado para exercitar a peregrina faculdade que lhe honra a existência.

Logicamente, transformando-se numa ponte entre as dimensões física e espiritual, desperta a animosidade dos Espíritos infelizes que se comprazem em gerar obstáculos ao progresso geral.

Nada obstante, o seu desempenho fiel e a sua abnegação no desiderato a que se entrega consegue a simpatia dos Espíritos nobres que passam a auxiliá-lo, inspirando-o em todos os lances da trajetória existencial.

Nunca temas o mal!

No exercício saudável da mediunidade responsável, vincula-te ao compromisso de forma dinâmica, conscientizando-te do seu significado, assim como das benesses que podes auferir na execução da atividade iluminativa.

Procura estudar-te de maneira que possas aprofundar observações em torno de quem és, dos teus objetivos essenciais, das tuas reações em relação aos acontecimentos existenciais, a fim de te identificares com a própria realidade.
Mediante esse comportamento, perceberás as influências que procedem dos desencarnados, podendo filtrá-las e exteriorizá-las com fidelidade, sem conflitos internos.

Mergulha o pensamento no estudo da doutrina espírita, ampliando o conhecimento em torno das sábias orientações exaradas por Allan Kardec sob a condução dos guias da humanidade, especialmente contidas em O Livro dos Médiuns, de maneira que acalmes as ânsias do sentimento e as dúvidas da mente perquiridora.

Considera o impositivo do serviço que deves realizar qual agricultor que, dispondo de uma enxada e do solo adusto, utiliza-a com vigor, tornando-a sempre reluzente e necessária, o que não ocorre quando deixada sem aplicação, sendo consumida pela oxidação e pela ferrugem.

Todo o bem que faças, utilizando as energias mediúnicas, a ti mesmo fará um grande bem.

Não meças distâncias, nem relaciones obstáculos a enfrentar, quando convocado ao formoso labor socorrista, porquanto a qualidade da ação é resultado do empenho e da dedicação daquele que a executa.

Quanto mais te afeiçoes à lavoura da caridade, mais amplos horizontes se te surgirão, auxiliando-te na marcha ascensional.
Mediunidade sem serviço é orquídea bela e inútil, com finalidade apenas decorativa. Quando colocada em favor da caridade é grão de trigo que se transforma cm pão nutriente que sustenta muitas vidas...

Desse modo, mediunidade com Jesus é também cruz de elevação que alça ao infinito e liberta do cárcere das limitações.

Quanto mais trabalhes a faculdade, mais eficazes se farão os resultados que pretendes atingir.

Quem veja o diamante reluzente como uma estrela não se lembrará do carvão escuro conforme se apresentava antes da extração e lapidação.

De igual maneira, a dor e o testemunho, na mediunidade responsável, representam os abençoados instrumentos que lapidam a gema que dorme embaixo da escura camada que a envolve...

Quanto mais sejam as aflições, mais compensadores serão os resultados da tua dedicação ao ministério mediúnico.

Não te queixes, portanto, quando convidado aos caminhos silenciosos da renúncia e do sofrimento de que necessitas para reabilitar-te.

Exulta ante a oportunidade iluminativa e faze-te exemplo de coragem para os demais, portadores de frágeis resistências morais.
Não reclames das ocorrências dolorosas, antes agradece-as, porque te chegam diminuídas de intensidade como efeito dos novos tesouros que estás conquistando.

Mediunidade é bênção. Frui-a com alegria, ajudando sempre.

A existência terrena não constitui um passeio ao país da fantasia, embora muitos desavisados assim a considerem.

Assume a responsabilidade de viver dentro dos padrões educativos propostos pelas leis da evolução, colhendo os opimos frutos da harmonia e do bem-estar.

Honrado pela oportunidade de ser operário mediúnico na seara de Jesus, trabalha para corresponderes à expectativa, permanecendo fiel até o fim da jornada, sem angústia nem aflição.


Joanna de Ângelis.




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