quinta-feira, 8 de agosto de 2013

CABOCLOS NA UMBANDA ESPÍRITA CRISTÃ




A palavra caboclo vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.

A marca mais característica da Umbanda, que é uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação ou psicofonia, no afã de trazerem a boa orientação e a evangelização, missão essencial da Umbanda , religião fundada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas: “Venho fundar uma nova religião, cuja base é o EVANGELHO e o Mentor Maior, o CRISTO”. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Cosme e Damião, Dois-dois, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, formam o que se chama em Doutrina Umbandista a Trilogia Fluídica das Formas, pois são vestimentas perispirituais assumidas pelos Benfeitores na Umbanda no sentido de passarem uma mensagem religiosa, inclusiva e nacional. Podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquétipos de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.

Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, invariavelmente presentes nos Templos de Umbanda, praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíritos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro.

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio do indígena brasileiro de cor acobreada (Caboclos Índios). Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo (Caboclos Boiadeiros, Marujos e Baianos).

Dada essa relação dos caboclos com os indígenas, e em sendo estes habitantes das matas, voltados à caça e pesca para subsistência e, ainda, sendo os Caboclos mensageiros da Simplicidade e da Doutrina, a Vibração sob a qual se apoiam não poderia ser outra senão do Orixá Oxossi. Assim podemos dizer que todos os Caboclos são da Linha de Oxossi, tendo, contudo, seu amparo e campo Vibratório próprio, o que surge como a polarização da na Linha a que pertence como trabalhador de Umbanda no campo espiritual.

Assim, por exemplo, o Caboclo Ventania de Aruanda, que é uma Entidade que assume a roupagem de Caboclo índio em seu trabalho na Umbanda, é da Linha de Oxossi, contudo esta Linha está polarizada pela sua vibratória pessoal que, no caso, é a de Xangô. Assim dizemos que se trata de um Caboclo da Linha de Oxossi e da Vibratória de Xangô.

Na Umbanda Espírita Cristã entendemos que toda Entidade trabalhadora do Movimento religioso de Umbanda (Caboclo, Preto Velho, Criança e Exu) tem sua Linha, sua Falange e sua Vibratória, que deve ser expressa no Ponto Riscado daquela Entidade.

Esses são os Caboclos de Umbanda, as Entidades que incorporam em seus médiuns na Vibração direta dos Orixás nós denominamos de Mensageiros dos Orixás, essas são as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá, Oxum, Nanã, Obaluayê, Yansã. Essas Entidades não são, propriamente, caboclos, mas Mensageiros da Vibração que trazem consigo e espalham no ambiente os fluidos próprios daquela Vibratória.

Quando dizemos que aquele caboclo é da praia, do mar, das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam aos outros Orixás que não a Oxossi, queremos dizer que aquele Caboclo é da linha de Oxossi, sempre, mas da Vibração de Yemanjá, etc... É a polarização sempre presente na magística energética no Plano físico.

Os Caboclos são espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas, ensinando e usando a Doutrina racional à luz do Evangelho de Jesus. Entendemos os Caboclos como símbolo de fortaleza, do vigor, da fase adulta, do caçador de almas e doutrinador dos espíritos.

Todas as Entidades de Umbanda e, portanto, também os Caboclos, se manifestam no movimento umbandista trazendo e realizando, no micro, a magística universal Tântrica, Mântrica e Yântrica. Tântrica (Luz – Mente), pela canalização com seu médium e elevação espiritual de sua manifestação; Mântrica (Som), pelo seu brado característico, também chamado de Ilá; e Yântrico (Movimento), pela sua postura e movimentos característicos, por exemplo, o Caboclo Índio com a postura de atirar flecha e etc...

Aproveitemos, nós umbandistas, mais esta manifestação da misericórdia de Deus, e nos aproximemos desses irmãos da espiritualidade, com suas vestimentas perispirituais e bebamos na fonte das mensagens que eles querem nos transmitir, desde a sua forma de apresentação, até as suas palavras orientadoras, para que assim possamos ser beneficiados com a finalidade da missão que esses amigos espirituais têm em relação a nós seus irmãos caminhantes, no momento encarnatório de cada um de nós.


Pai Valdo

(Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)






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