domingo, 6 de janeiro de 2013

O CARRO MEDIÚNICO




Mediunidade é algo que temos em comum com Espiritismo, por terem estudado a fundo o fenômeno fica a recomendação de leitura das obras de Kardec e Chico Xavier. Como sugestão, com o devido filtro, O Livro dos Médiuns (Allan Kardec), "Nos domínios da mediunidade" e "Mecanismos da Mediunidade" Chico  Xavier / André  Luiz (estes livros fazem parte da "Série Nosso Lar" de 16 Livros, todos são muito importantes como material de estudo).

A maioria de nós tem mediunidade semiconsciente. Sendo assim, necessitamos de um processo conhecido como desenvolvimento mediúnico. É nesse desenvolvimento que iremos aprender a dar a passividade necessária para que os espíritos possam se comunicar, por meio de nossa matéria. O desenvolvimento lembra muito uma  autoescola em que o veículo é nosso corpo, nossa matéria. Aqui no caso não iremos aprender a dirigir um carro, vamos aprender a emprestar “nosso carro” para que um outro dirija.

Pense o quanto lhe é difícil emprestar seu carro para seu irmão, sua irmã, seu pai... Aquele carro que você passou todo o final de semana limpando e dando brilho... Não é difícil? Até carro com seguro é difícil emprestar.

Muito mais difícil é emprestar seu corpo físico. Nós nascemos dentro deste “carro”, vemos a vida pela janela deste carro, nos locomovemos com este carro, nossos cinco sentidos se manifestam neste carro, por faculdades e órgãos que este veículo nos proporciona... Mais do que isso... Não acreditamos que outra pessoa possa dirigir este carro... Esta é a primeira barreira a ser vencida. 

Acreditando que outra pessoa possa dirigir este carro, este veículo mediúnico. Ao chegar a um terreiro de Umbanda, muitos de nós ouvimos esta afirmação:

- “Filho você é cavalo!”

Eu quando ouvi isso na minha primeira consulta com preto-velho pensei: “cavalo?”.

Ao perceber meu estranhamento o Preto Velho chamou o Cambone, que me explicou: “ele quer dizer que você é médium!”.

Ah... cavalo é médium!

Cavalo é veículo, não precisou de maiores explicações, se ele é o guia e eu o cavalo, quer dizer que incorporar é deixar que a entidade te guie... muito simples de explicar... difícil de realizar, pois somos “Cavalo Selvagem”. Precisamos ser “domados”, “educados”, “doutrinados”, para nos tornarmos um com “veículo”. Um cavalo que sirva bem a seu condutor/guia.

Uma das formas de pensar esta educação, este desenvolvimento mediúnico, é compararmos nossa matéria, aparelho, a um carro, um veículo automotor. A primeira lição que aprendemos é que outra pessoa pode dirigir este carro, mas como isso funciona?

Pense naquele carro de autoescola (americana) que tem dois volantes e pedais dos dois lados. Agora se lembre do desenvolvimento, quando começamos a sentir aqueles “trancos” e “tremeliques”... Lembrou? É aí que o guia está mostrando que mais alguém pode dirigir seu veículo, podemos dizer "ele está sentado no banco ao lado pisando no freio", para mostrar que, a um convite seu e com a sua passividade, ele poderá dirigir este carro.

Daí para frente é começar a soltar o “volante” para que ele possa dirigir. E conforme você vai se soltando, ele vai assumindo a condução. Enquanto vai por uma rua tranquila, tudo bem, mas chegando a uma curva, uma lombada ou mesmo uma ladeira, nos assustamos e retomamos a condução, fazemos questão de pegar o volante, pois ainda não temos segurança, não confiamos completamente na entidade/guia. Por não sabermos que ele dirige muito melhor do que nós...

Este é o período de desenvolvimento em que o médium não sabe se é ele ou se é o guia quem está dirigindo, se não for bem orientado pode até acreditar estar mistificando, o que não é verdade. Ali no desenvolvimento estão dois "mentais" presentes na condução do veículo, num momento um conduz, e noutro o outro conduz. Desenvolver é aprender a entregar a condução, para a grande maioria de nós esta entrega é consciente. O que o médium tem a aprender é dar passividade para a entidade trabalhar.

Temos aqui duas palavras-chave para o desenvolvimento da mediunidade: CONFIANÇA na entidade que está manifestando e muita HUMILDADE para não se iludir em  acreditar estar adquirindo poderes sobrenaturais e para não pensar que seu guia é o melhor de todos. Não achar que seu caboclo é o GRANDE CACIQUE E PAGÉ FAZ TUDO DAS SETE LINHAS, CABEÇA DE LEGIÃO AO QUAL TODOS DEVEM SE SUBORDINAR “por não saberem com quem estão falando”.

INCORPORAÇÃO MEDIÚNICA É PARCERIA, E DEPENDE DA CONFIANÇA DE  AMBAS AS PARTES PARA ACONTECER!

Saiba que receberá entidades que têm o mesmo valor de todas as outras, e que seu guia com certeza acatará e aceitará as normas da casa de luz que o recebeu de braços abertos, não indo contra o que é corrente e aceito dentro daquela casa. 

Tomando esses cuidados e confiando, o médium está pronto para deixar o carro  ser conduzido pela entidade, esse processo lembra ainda o período em que um adestrador e guia leva para domar seu cavalo que, por nunca ter sido montado e viver em liberdade, é chamado de selvagem. 

Domado, o cavalo está pronto a ser montado. Muitos se referem ao médium como aparelho manipulado pela entidade. Importante é darmos a passividade... Chega um ponto em que deixamos até de prestar muita atenção ao que acontece, relaxando e desligando um pouco da paisagem, simplesmente deixando que o guia nos leve...


Texto de Alexandre Cumino

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