segunda-feira, 7 de maio de 2012

A ÉTICA DA TRANSFORMAÇÃO






“Reconhece‐ se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral (...)
“O Evangelho segundo o Espiritismo” Capítulo XVII – item 4

“....O autoconhecimento, através das luzes da imortalidade que se espraia dos fundamentos espíritas, é um mapa de como chegar ao “eu verdadeiro”, à consciência. Todavia esta viagem não pode ser feita somente com o mapa, necessita de suprimentos morais preventivos e fortalecedores, necessita de uma ética de paz consigo próprio. Somente se conhecer não basta, é necessário um intenso labor de auto-aceitação para não cairmos nas garras de perigosas ameaças nessa “viagem de retorno a Deus”, cujas mais conhecidas são a culpa, a autopunição e a baixa auto-estima as quais estabelecem o clima de martírio. É preciso uma ética que assegure à transformação pessoal um resultado libertador de saúde e harmonia interior. Tomar posse da verdade sobre si mesmo é um ato muito doloroso para a maioria das criaturas.

À guisa de sugestões maleáveis, consideremos alguns comportamentos que serão efetivos roteiros de combate, vigília e treinamento para instauração de das linhas éticas no processo transformador:

Postura de aprendiz: jamais perder o viçoso interesse em buscar o novo, o desconhecido. Sempre há algo para aprender e conceitos a reciclar. A postura de aprendiz se traduz no ato da curiosidade incessante, que brota da alma como sendo a sede de entender o universo e nossa parte na “dança dos ritmos cósmicos”. Romper com os preconceitos e fugir do estado doentio da auto‐suficiência.

Observação de Si mesmo: é o estudo atento de nosso mundo subjetivo, o conhecimento das nossas emoções, o não julgamento e a auto‐avaliação constante. Tendemos a avaliar o próximo e esquecer do serviço que nos compete, no entanto, relembremos que perante a imortalidade só responderemos por nós, no que tange ao serviço de edificação dos princípios do bem na intimidade.

Renúncia: A mudança íntima exige seletividade social dos ambientes e costumes, em razão dos estímulos que produzem reflexos no mundo mental. No entanto, a renúncia deve ampliar‐se também ao terreno das opiniões pessoais e valores institucionais, para os quais, freqüentemente, o orgulho nos ilude.

Aceitação da Sombra: sem aceitação da nossa realidade presente, poderemos instaurar um regime de cobranças injustas e intermináveis conosco e posteriormente com os outros. A mudança para melhor não implica em destruir o que fomos, mas dar nova direção e maior aproveitamento a tudo que conquistamos, inclusive nossos erros.

Auto-Perdão: a aceitação para ser plena precisa do perdão. Recomeço é palavra de ordem nos serviços de transformação pessoal. Sem ela o sofrimento e a flagelação poderão estipular provas dolorosas para a alma. É uma postura de perdão às faltas que cometemos, mas que gostaríamos de não cometer mais.

Cumplicidade com a decisão de crescer: o objetivo da renovação espiritual é gradativo e exige devoção. Não é serviço para fins de semana durante a nossa presença nas tarefas do bem, mas sérvio continuado a cada instante da nossa vida, onde estivermos. Somente assumindo com muita seriedade esse desafio que o levaremos avante. Imprescindível a atitude de comprometimento com a meta de crescimento que assumimos. Somos egressos de experiências frustradas no desafio do aperfeiçoamento pessoal, portanto, muito facilmente somos atraídos para ilusões variadas. Somente com severidade e muita disciplina construiremos o homem novo almejado.

Vigilância: é a atitude e cuidar da vida mental. Cultivar o hábito da higiene dos pensamentos, da meditação no conhecimento de si, da absorção de nutrição mental digna nas boas leituras, conversas, diversões e ações sociais. Vigilância é a postura da mente, alerta, ativa, sempre voltada a ideais enriquecedores. ( O segredo – lei de atração)

Oração: é a terapia da mente. Sem oração dificilmente recolheremos os germens divinos do bem que constituem as correntes de Energia Superior de vida. Através dela, igualmente, despertamos na intimidade forças nobres que se encontram adormecidas ou sufocadas pelos nossos descuidos de cada dia.

Trabalho: Os sábios guias da codificação asseveram que toda a ocupação é útil, é trabalho. Dar utilidade a cada momento dos nossos dias é sublime investimento de segurança e defesa aos projetos de crescimento interior.

Tolerância: toda evolução é concretizada na tolerância. Deus é tolerância. Há tempo para tudo e tudo tem seu momento. Os objetivos da melhoria requerem essa complacência conosco para que haja mais resultados satisfatórios. Complacência não significa conivência ou conformismo, mas caridade com nosso esforços.

Amor incondicional: aprender o auto‐amor é o maior desafio de quem assume o compromisso da reforma íntima, porque a tendência humana é desgostar de sua história de evolução, quando toma consciência do ponto em que se encontra ante os Estatutos Universais da Lei divina. Sem auto‐amor a reforma íntima reduz‐se a “tortura íntima”. Aprender a gostar de si mesmo, independente do que fizemos no passado e do que queremos ser no futuro, é estimar a si próprio, um estado interior de júbilo com nosso retorno lento, porém gradativo, para uma identificação plena com o pai.

Socialização: se o interesse pessoal é o grande adversário de nosso progresso, então a ação em grupos de educação espiritual será excelente medicação contra o personalismo e a vaidade. Destaquemos assim o valor das tarefas doutrinárias regadas de afetividade e siso moral. São treinamentos na aquisição de novos impulsos.

Caridade: se socializar pode imprimir novos impulsos e reflexões no terreno da vida mental, caridade é o “dínamo de sentimentos nobres” que secundarão o processo socializador, levando‐o ao nível de abençoada escola do afeto e revitalização dos ensinamentos espíritas.
Conviveremos bem com os outros na proporção em que estivermos bem conosco mesmo. A adoção de uma ética de paz, no transcorrer da metamorfose de nós próprios, será medida salutar no alcance das metas que almejamos, ao tempo em que constituirá garantia de bem‐estar e motivação para continuidade do processo.
O exercício de negar a si mesmo não inclui o descuido ou descrédito pessoal, confundindo a sombra que precisamos reciclar com as necessidades pessoais que não devemos desprezar, para o bem estar e equilíbrio. Cuidemos apenas de atrelar essas necessidades de conformidade com os novos rumos que escolhemos. Fazemos essa menção porque muitos corações queridos do ideal supõem que reformar é negar ou mesmo castigar a se, quando o objetivo do projeto de mudança espiritual é tornar o homem mais feliz e integrado à sua divina tarefa perante a vida.
Nos celeiros de luz dos repositórios do Evangelho, verificamos um exemplo de rara beleza e oportunidade que servirá como diretriz segura para a “despersonificação” dos servidores do Cristo, na obra do amor: Ananias, o apóstolo chamado para curar os olhos do Doutor Tarso. Quando o Mestre o chama pelo nome, o colaborador humilde, com prontidão e livre dos interesses pessoais, responde sadiamente “Eis ‐ me aqui Senhor!”.
O nome desta virtude no dicionário cristão é disponibilidade para servir e aprender, o programa ético mais completo e eficaz para quantos desejam a auto‐iluminação.

Do Livro " Reforma Íntima sem Martírio"  de Ermance Dufaux 
 Psicografada pelo Médium Wanderley S. de Oliveira – Editora Dufaux

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